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terça-feira, 3 de julho de 2012

Pródigo (Pedro Du Bois)


Destraçar o caminho
replantado na grama
sob os passos
desconsiderar o avanço
e retornar em plácido
andar de retomada
esquecer o desenho
mapeado em escuros
tesouros inatingíveis
ser diletante: pai e mãe
a recolocar no alpendre
espantalhos ao espantado
o filho.

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come (Nilto Maciel)


Segundo os antigos, se conselho fosse bom, ninguém dava. Todo dia, no entanto, recebo uma dezena desses manjares. Um dos mais frequentes é este: “Nilto, pare com essa besteira de criticar escritor medíocre. Não perca seu tempo com isso. Vá revisar os seus contos e romances, antes que seja tarde demais”. Tenho plena consciência de que estou velho. É para não entregar a bolsa à insaciável e eterna ladra que persisto em escrever e estudar. O ofício de editor (o jornal Intercâmbio, anos 70; as revistas O saco, 1976/77, e Literatura, 1992/2008; e o blog Literatura sem fronteiras, desde setembro de 2005) não me deixa, porém, abandonar a pena. Pois toda tarde recolho (o carteiro lança pacotes sobre o muro) livros, com rogos de leitura e comentário: “Nem que seja uma linha”. Os mais afoitos me suplicam prefácios ou pequenos textos para orelha. Chegam, por e-mail, diariamente, poemas, contos, crônicas, artigos, ensaios. Ora, para publicar ou deletar, preciso lê-los. Não posso, portanto, deixar de passar a vista por obras medianas e de baixa qualidade.