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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Casinha (Carlos Nóbrega)




Casinha espremida entre os grandes prédios,
lhe falta até a obrigação de ter um número.
Tão inocente!
Tão inocente a avozinha da rua ...
E ao meu olhar
os edifícios, em colossal solidão,
suplicam a ela a todo instante
uma esmolinha de humanidade.

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Nota despretensiosa sobre um livro admirável (João Carlos Taveira*)


O livro mais delicioso e sério que li ultimamente, com atraso de quinze anos, intitula-se Paris... nos tempos de Debussy e é de autoria do pianista e acadêmico Oriano de Almeida, já falecido. Publicado em 1997, com apoio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e do Banco Real, o livro é uma biografia do autor de Prélude à l’après-midi d’un faune, La mer e Pelleas et Melisande, mas também um retrato vivo da Cidade Luz, pintado na segunda metade do século XIX. Mas, nesse curto espaço de tempo, somos levados a empreender uma viagem vertiginosa pela vida parisiense, com suas ousadas, borbulhantes e surpreendentes cenas de humanidade explícita. Poucas cidades do mundo disseminaram conhecimento científico, literário, musical e pictórico como a capital da França naquele período.