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domingo, 8 de julho de 2012

Canção urbana: suas origens (Adelto Gonçalves*)


I

Até aqui, a origem mais aceita para o fenômeno das modinhas, que se alastrou pelo Brasil e Portugal a partir do século XVIII, era a erudita. Acreditava-se que seria uma degeneração da ópera italiana que dominou os palcos dos teatros de Lisboa por aqueles anos. Mas essa não passou de uma conclusão precipitada a que haviam chegado historiadores que se valeram apenas da análise da música impressa daquela época.

sábado, 7 de julho de 2012

Por que escrevemos? (Emanuel Medeiros Vieira *)




Começamos escrevendo para viver e acabamos escrevendo para não morrer. Para quem edifica palavras mal rompe a aurora, escrever é inadiável e urgente, mesmo que nada externamente nos obrigue a isso. Mas a necessidade interna é visceral, orgânica, chama e fogo, flecha, algo colado à pele. Não conseguimos escapar desse apelo. Escrevemos para perdurar, para vencer a poeira do tempo, para despistar a morte, para regar nossos fantasmas e (por que não?), para amar e se amado. A literatura é o refúgio da sinceridade num mundo de pose. “A literatura é um apelo de fogo, onde mora meu desespero, a minha inquietação e o meu paraíso”, escreveu alguém. Eu sei: tento escrever um hino de amor à palavra. Qual a maior viagem (interior) que podemos fazer, senão aquela que é um mergulho no livro, nesta criação de outros mundos, nessa peregrinação às áfricas interiores? “Se o mundo dos objetos palpáveis e vida prática, não é mais real que o mundo das ficções, dos sonhos e dos labirintos, então pode ser que o autor de artifícios verbais tenha mais direito à condição de demiurgo que qualquer outro candidato”, escreveu Samuel Titan Jr., falando sobre Borges..