José Saramago consigna os dias de sua vida em Cadernos de Lanzarote [Caminho, Lisboa, 1994], que Luis Carlos Guimarães ofereceu-me em dois volumes com uma bela dedicatória.
Caudatário de infinitas leituras e de uma longa e rica experiência humana, Saramago faz o que quer com as palavras — à serviço de idéias e reflexões — que põem em evidência o diarista, ainda mergulhado na circunstância, em busca da transcendência que vai muito além da urgência de dizer, nítida em seus diários, pois nele é forte o tom da voz do homem que conversa consigo mesmo, em linguagem elevada e culta, ajustada aos seus íntimos pensamentos.