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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O alto da montanha (Geovane Monteiro)


Para Grace   
                                                                   

Era verão e a vida simplesmente existia. Eu reparava a tarde flamejando no relógio da torre e tolerava o calor. Aos poucos, desconfiava procurar uma beleza. Mas onde encontrá-la, se me havia apenas o verão cobrindo a cidade? Andava distraído pelas ruas e queria dar um nome a tudo que eu suspeitava ser majestoso. Mas o medo de errar... Temia chamar de belo o que mais tarde poderia ser traído pela minha liberdade.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O diarista Saramago (Franklin Jorge)



 
José Saramago consigna os dias de sua vida em Cadernos de Lanzarote [Caminho, Lisboa, 1994], que Luis Carlos Guimarães ofereceu-me em dois volumes com uma bela dedicatória.

Caudatário de infinitas leituras e de uma longa e rica experiência humana, Saramago faz o que quer com as palavras — à serviço de idéias e reflexões — que põem em evidência o diarista, ainda mergulhado na circunstância, em busca da transcendência que vai muito além da urgência de dizer, nítida em seus diários, pois nele é forte o tom da voz do homem que conversa consigo mesmo, em linguagem elevada e culta, ajustada aos seus íntimos pensamentos.