Antigamente (e bota antigamente nisto), os mais velhos costumavam usar alguns ditados para incutir certos princípios na cabeça das crianças. Lá em casa, minha mãe vivia repetindo: “boa romaria faz quem na sua casa está em paz”. O que significava: é melhor ficar em casa do que arranjar confusão na rua. Outro ditado que ouvi muito foi: “quando a cabeça não pensa, o corpo é que padece”.
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Agregar (Emanuel Medeiros Vieira*)
“Não Matarás”: não basta.
Teu mandamento será este: farás tudo para que o outro viva.
É vero sim o que quero:
não me importa o estoque de teu capital, Brasil,
mas tua capacidade de: amar
lavrar
aspirar
compreender.
Esse estatuto de miséria não é o nosso,
e a tecnologia da última geração não me sacia:
meu coração navegador quer mais.
A Ética – cuspida, debochada, no reino do simulacro,
virou produto supérfluo porque não tem valor contábil.
Tempo dessacralizado e sem utopia:
a esperança é um cavalo cansado?
A aventura acabou no mundo?
Seremos apenas meros grãos de areia na imensa praia global?
Habitantes de um mundo virtual neste mercado sem cara?
Soará pomposo, eu sei:
não deixemos que nos amputem a alma
(e que acolhamos o outro).
Ser gente: não mera massa abúlica, informe, com os olhos colados
no retângulo luminoso de todas as noites.
O tempo é apenas dos alpinistas sociais?
Sou bom porque apareço, não apareço porque sou bom.
Na internet a solidão é planetária,
mas do abismo – fragmento – irrompe um menino eterno,
e sentes o cheiro de uma manhã fundadora.
(A Morada do Ser é mais importante que o poder/glória.)
E o poema resiste,
singra a eternidade,
despista a morte,
seu estatuto não é mercantil.
Já não esqueces o essencial:
Na estrada de pó e de esperança, acolhes o outro.
Teu mandamento será este: farás tudo para que o outro viva.
É vero sim o que quero:
não me importa o estoque de teu capital, Brasil,
mas tua capacidade de: amar
lavrar
aspirar
compreender.
Esse estatuto de miséria não é o nosso,
e a tecnologia da última geração não me sacia:
meu coração navegador quer mais.
A Ética – cuspida, debochada, no reino do simulacro,
virou produto supérfluo porque não tem valor contábil.
Tempo dessacralizado e sem utopia:
a esperança é um cavalo cansado?
A aventura acabou no mundo?
Seremos apenas meros grãos de areia na imensa praia global?
Habitantes de um mundo virtual neste mercado sem cara?
Soará pomposo, eu sei:
não deixemos que nos amputem a alma
(e que acolhamos o outro).
Ser gente: não mera massa abúlica, informe, com os olhos colados
no retângulo luminoso de todas as noites.
O tempo é apenas dos alpinistas sociais?
Sou bom porque apareço, não apareço porque sou bom.
Na internet a solidão é planetária,
mas do abismo – fragmento – irrompe um menino eterno,
e sentes o cheiro de uma manhã fundadora.
(A Morada do Ser é mais importante que o poder/glória.)
E o poema resiste,
singra a eternidade,
despista a morte,
seu estatuto não é mercantil.
Já não esqueces o essencial:
Na estrada de pó e de esperança, acolhes o outro.
*Este texto obteve o Primeiro Lugar no Concurso Nacional de Poemas, promovido pela Associação de Cultura Luso-Brasileira, de Juiz de Fora, Minas Gerais, sendo contemplado com a Medalha de Ouro “Jacy Thomaz Ribeiro.” O tema do concurso foi “Solidariedade: Por um Mundo Melhor.”
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