Acordei hoje com vontade de ler o novo livro de Simone Pessoa: Bolsa de mulher. Fui à prateleira das publicações não lidas (são poucas, no momento) e o agarrei, com luxúria. Caminhei até a sala de leitura, caí na poltrona e pu-lo (o impresso de Simone) no colo. Mal me preparava para o delírio matinal (inicio, toda leitura, de olhos fechados, em busca de concentração e da consequente absorção da verdade transcendental, a plenitude do esvaziamento mental, etc.), mal eu me afundava no túnel escuro e sem fim do silêncio, o telefone zuniu, feito mil cigarras às vésperas da morte. Aturdido, voei até o aparelho. É da casa do escritor Nilto Maciel? Tive receio de estar a ouvir uma voz provinda da mais abissal esfera. De onde fala? Sosseguei logo: Estou no Benfica. Seria Simone? Sim. Não a cronista, a escritora, mas a estudante Simone Farias. Tínhamos nos comunicado pela Internet, ela no desejo de me conhecer, eu na intenção de me exibir. Já li o livro, mas estou com umas dúvidas. O senhor pode me dar umas explicações? Sim, se estiver ao meu alcance. Posso ir à sua casa? Só se for hoje. Quero saber se... Como se deu o big bang ou por que o bang bang chegou ao fim? Riu e eu tive certeza de ainda passar um bom dia na vida, mesmo que seja o último.
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
domingo, 9 de setembro de 2012
Memória e Linguagem (Emanuel Medeiros Vieira)
Quero falar da memória não como algo mecânico, mas como base de toda a identidade. Memória como instrumento de justiça e de misericórdia. Não por acaso, na mitologia grega, Mnemosina, a memória, é a mãe das Musas, ou seja, de todas as artes, do que dá forma e sentido à vida. Sim, ela protege a vida do nada e do esquecimento. A literatura não deixa de ser (também) um instrumento de transfiguração de um momento (eternizar a memória). Uma busca de perenizar o instante para convertê-lo em sempre. O ato da lembrança é ao mesmo tempo caridade e justiça para as vítimas do mal e do esquecimento. Muitas vezes, indivíduos e povos desapareceram no silêncio e na escuridão. Muitos devem se lembrar das ditaduras que, apagando as fotografias dos banidos querem, em verdade, apagar a sua memória. A memória é resistência a um tipo de violência: àquela infligida às vítimas do esquecimento. A memória é o fundamento de toda identidade, individual e coletiva. Guardiã e testemunha, a memória é também garantia da liberdade.
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