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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Nomes e deuses (Francisco Miguel de Moura)












todos os nomes desaparecerão
na voragem do tempo:
ferrugem, salsugem,
pedra, osso irredutível,
grão de poeira
como no vendaval desaparece
o tempo
a luz
a força
o céu
a dor
e
o espírito tão finito:
um fio do DNA descabelado
de deuses na partícula subatômica-mãe.

do tempo e da matéria consumidos
nada falta, nada sobra
somente a consciência sem memória


deuses! não restarão:
eles furtam, brigam, prendem, não soltam...
matam!
tão cientes de que morreriam de ciúmes
das almas soltas na completude

como prêmio
ficará unicamente o silêncio de Deus.

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O velho mundo de sempre (Ronaldo Monte)





Se você está lendo este texto, é porque o mundo não acabou no dia previsto pelos alarmistas de plantão. Quem torrou tudo o que tinha no cartão de crédito e no cheque especial, quem falou para o chefe tudo que estava engasgado desde a admissão no emprego, quem cantou a mulher do vizinho campeão de MMA, quem tomou um porre e soltou a franga, saiu do armário e rodou a baiana crente como o mundo ia mesmo acabar, deve estar se pondo a grande questão filosófica: como é que vou encarar essa mesmice?