I
Se
como diz a filosofia popular, de médico e louco todos têm um pouco, a um médico
louco não há o que acrescentar. Foi a esse personagem insólito que o médico e
neurocientista Edson Amâncio recorreu para empreender a sua terceira incursão
no romance com Diário de um Médico Louco
(Taubaté, LetraSelvagem, 2012). Com um tanto de autobiográfico – que fica claro
quando se sabe que o autor realizou nos anos 80 uma viagem a São Petersburgo e
Moscou, ainda à época do comunismo –, este relato é um diálogo que Amâncio faz
não com a literatura médica a que teve acesso como profissional da área de
Saúde, mas como autores que marcaram a sua vida de ficcionista, especialmente
Fiodor Dostoievski (1880-1880), a quem estudou em profundidade, até porque
atraído pelas ligações que pode haver entre genialidade e esquizofrenia ou até
mesmo com o desequilíbrio mental.