Comprou uma pistola. Mas essa
não era como as outras: uma arma incomum, posto que disparava tristezas.
Armado, ele entrou no salão onde muitas pessoas pulavam o carnaval. Disparou
para todos os lados. Pessoas chorando, cabisbaixas, olhares morteiros, braços
largados ao lado do corpo. Em pouco tempo o local se esvaziou; calados os
auto-falantes. Pelo chão, copos descartáveis, confetes, serpentinas, colares
havaianos, máscaras, triste cadáver de uma alegria morta. O atirador, então,
sentou-se no meio do salão. Sacou a outra arma (uma bem comum). Houve um
estouro e novamente o silêncio. Outro cadáver.
/////