Translate

sexta-feira, 1 de março de 2013

Amores (Pedro Du Bois)


 








O perfume do jasmim
a cor da jabuticaba
a palavra áspera na despedida.
               
Os namoros breves
em breves namoros

bravo gesto alargado
em verbos caricatos
de perfumes e cores

                        resta a palavra
                        na inconsequência
                        do dizer: cada passo
                                  dado com você.




///// 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tudo vai para o lixo (Nilto Maciel)



As pessoas de poucos rabiscos (ou nenhum) costumam agredir as mais fecundas e dedicadas ao exercício de alinhar palavras (chamam-nas corretamente de prolíficas, mas querem mesmo é achincalhá-las) com frases assim: “O que vale é a qualidade; quem redige muito, o faz porque ainda não encontrou o próprio caminho”. Não vejo assim. A maioria dos bons escritores criou para lá de uma dezena de obras. E mais teria feito, se mais longa vida tivesse tido. Citemos apenas uma dúzia (só brasileiros do final do século XIX até o XX): José de Alencar, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Euclides da Cunha, Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles. Poderia mencionar dezenas de dúzias, mas diriam os incansáveis intrigueiros: “Ah, esses não são titulares, são do time reserva”. Enquanto isso, contam-se nos dedos os escritores de obra escassa (um ou dois livros pequenos): Augusto dos Anjos é o mais famoso deles.  Bem conhecido também é Raul de Leoni. Se se quiser ampliar o número, é preciso dizer que quase todos morreram jovens, razão pela qual (talvez) conceberam pouco. Cruz e Sousa seria um deles.