Translate

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A vida e a literatura de Guimarães Rosa (Enéas Athanázio)



“Meu lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só.”
        (João Guimarães Rosa)





UMA BIOGRAFIA NECESSÁRIA

Em que pese a magnitude de sua importância nas letras nacionais, João Guimarães Rosa (1908/1967) estava pedindo um biógrafo. Ainda que tenha merecido até agora uma das maiores fortunas críticas de nossas letras, não havia encontrado quem se abalançasse a reconstituir passo a passo sua ativa existência e analisado em conjunto sua produção. Para isso deve ter contribuído a grandeza da empreitada, uma vez que rastrear os passos do mineiro que se tornou cidadão do mundo e autor de vastíssima e complexa produção ficcional não é tarefa para qualquer e tampouco daquelas que possam ser levadas a cabo com brevidade. Pelo contrário, exige competência, dedicação e beneditina paciência para vasculhar papéis, documentos, periódicos e livros, entrevistar numerosas pessoas, buscar informações esparsas, viajar, perquirir, cheirar, apalpar e, sobretudo, pensar. Além disso, é preciso dar vida ao biografado, sentir com ele, pulsar nas suas lutas, comemorar nas vitórias e amargar nas derrotas. Imprimir movimento à narrativa, evitando que se transforme em longo e tedioso relatório, como tem acontecido com tantas. Acima de tudo, terá que conhecer a fundo a obra do biografado, esmiuçando-a com paixão, lendo, relendo, treslendo sem cansaço tantas vezes quantas sejam necessárias.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Entre o lembrar e o esquecer (Hilda Mendonça)



 








De muitas pessoas já me esqueci
Outras tantas já me esqueceram
Muitas já me foram infiéis
Fui fiel a quem deveria ser

Vivi a vida e segui em frente
Enfrentei redemoinhos e calmarias
Muitos que me esqueceram
Eu não pude esquecer
Muitos que esqueci
Também não me esqueceram

E entre o esquecer e o lembrar
Sol e chuva calor e vento
solidão de deserto
minh’alma se aloja
à espera do temível ponto final.

/////