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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Esse é o Homem





Esse é o Homem, novo livro de W. J. Solha. Quem tiver interesse em ganhar um exemplar, basta mandar e-mail (wjsolha@superig.com.br), com o respectivo endereço físico. Não haverá lançamento; os exemplares não serão comercializados.

“Esse é o Homem fecha a trilogia de poemas longos que iniciei com Trigal com corvos (Palimage, Imprell, 2004) e segui com Marco do mundo (ideia, 2012). Parte de seu tema me persegue desde os romances A Verdadeira Estória de Jesus (Ática, 1979) e Relato de Prócula (A Girafa, 2009), culminando com o texto teatral Paixão Judaica, encomendado – e vetado – por Chico César, para uma Semana Santa do período em que foi secretário de cultura de João Pessoa. Minha proposta era a de fazer do Parahyba Palace Hotel o templo de Jerusalém com o insulto de dois enormes estandartes da suástica na fachada, o retrato de Hitler lá em cima, sob o nome Tiberius Caesar, Cristo – cidadão romano como Herodes, Paulo de Tarso, Filon de Alexandria e Flávio Josefo – apresentado como agente da Pax Romana. Mas eu disse que, aqui, isso é parte de meu tema. Daí ter ampliado o título original – que era a frase de Pilatos, Ecce homo, eis o homem – para Esse é o Homem, pois é da Humanidade que – principalmente – agora falo. Como me pareceu, em certo momento, que estava tentando fazer minha melhor poesia defendendo uma tese, pincei – para subtítulo – o título de Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus, levemente alterado.


Para Ione, filhos e netos – pelo descanso da britadeira.
Para os amigos que leram os originais do poema, apontaram-lhe falhas e me estimularam com frases como Monumental! (Carlos Trigueiro), Que bela surpresa! (Marco Lucchesi), A onda é alta!  A onda é alta! Gostaria de ressaltar o imenso lastro cultural que embasa o poema! (Soares Feitosa), Poema forte, um épico da agoridade! (Miguel Sanches Neto), Reflexão profunda e bela! (Ruy Espinheira Filho), Grandiosa instalação lírico-verbal e cultural; obra prima pós-moderna! (Hilton Valeriano), Minha megalomania vira alegria quando vê algo grande em qualidade e quantidade!  (Joedson Adriano), Poesia inquietante, arrebatadora, provocativa!  (Clemente Rosas), Um grande poema (Ivo Barroso), Belo, forte, inquietante. (Hugo Almeida)”.

Escrituração afetiva (Emanuel Medeiros Vieira)


(Tentativa de prosa Poética – com citações)




Para Gerônimo Wanderley Machado e Fernando Evangelista Vieira

“O futuro não nos traz nem nos dá nada. Nós é que, para construi-lo, devemos dar-lhe tudo”. (Simone Weil)

Queria oferecer-vos a escrituração da jornada.
Sofrer passa, ter sofrido não passa – Léon Bloy
Perdemos a noção do tempo?
Tudo se evapora.
Nada mais vale a pena?
A hiperrealidade é tão perfeita em sua falsidade (TV e similares) que toda experiência real parece sem graça.
Você sente dores no pescoço porque foi enforcado em outra encarnação – dizem alguns.
A asma é um pedido de socorro aos pais – acreditava Freud.
E a vida – onde ficou a vida?
Colecionador de funerais,
queria me desapegar de tudo.
Os ex-idealistas não conseguem mais se reconhecer no espelho.
Venderam a alma ao diabo, mas o preço é caro.
Escrituração da jornada?
Que nada!
Meditações (apenas) de um velho moralista.
O tempo passou por cima de nós.
“Pare de reclamar”, exorta um promotor interno.
Não, não é queixa.
O sol, mais um dia, pássaros cantando no domingo – e alvorece.
(Escuto “Você se Lembra”, na voz de Geraldo Azevedo.)
Morangos, um menino e seu boné, um trapiche, cheiro de maresia, um roda-gigante, uma ilha que só existe – mítica – no teu coração.
Sou apenas efêmero – sempre.
Em certa hora, não estaremos mais aqui e a velhice chegou.
Ria!
(A biografia de um artista não explica, nem justifica sua obra, mas elas se comunicam, como diria Merleau-Ponty.)
Sim, ria!

(Salvador, abril de 2013)

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