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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mumificação (Rocha Oliveira)





Não, não fora a prelo quando em vida... Rejeitaram-lhe concursos e editoras. Não lhe citou a crítica e nem foi lido – creiam-me – até mesmo pelos seus! E não se creia que assim foi por justa causa: demérito da inabilidade. Já morto, é exumado das ruínas (mais remotas) de sua própria geração. O exibem hora (defunto) qual relíquia; quando dantes era escombro – entulho – craca! Toda a sua obra agora é póstuma. Enquanto homem, era nada – um ninguém! Mumificado, é o mor dos ossos de seu tempo..."

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Poema (Carlos Nóbrega)














O pai, a mãe
que os seus ossos
transmitiram-me

duas amantes,
a me cuidar
do que é da carne

sete bispos
alvejando
a minha alma

dois polícias
para o zelo
do meu ouro

um inimigo
que me salve
à indiferença,

Nenhum me dá
um bem maior
do que o poente.

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