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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O homem desoriental – XV (Mariel Reis)



Metade de nós está no presente
A outra permanece invisível no tempo;
Parte de nossa carne, poeira e vento
E a outra passa incólume à tempestade.

Metade atravessa o vale do esquecimento
Enquanto a outra arde em saudade,
Da parte que cai no desaparecimento
Uma nuvem de areia sobre a cidade.

Uma parte de nós é constância
Enquanto a outra, substância volátil;
Que fundida ao infinito do espaço
Alerta-nos de nosso breve trânsito.

ÓAllah, ensina-me o segredo do silêncio
Permita-me aceitar a minha morte,
Qual o truque de um mágico
Que me guardasse junto das coisas eternas.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Lêdo Ivo, poeta e traçador de perfis (Adelto Gonçalves*)


I

Lêdo Ivo (1924) é, acima de tudo, poeta. Mas também é romancista e memorialista de incontáveis méritos. Mais: trata-se de um irretocável traçador de perfis. É o que o leitor pode constatar em O Vento do Mar (Rio de Janeiro, Editora Contracapa/Academia Brasileira de Letras, 2011), livro que celebra os seus 87 anos de idade e pelo menos 70 de vida literária intensa, como atesta a vasta iconografia que, ao longo destas páginas, registra seu percurso poético, suas viagens e participações em festivais de poesia, resultado de um reconhecimento mundial a sua obra. E cujo cume talvez tenha sido em 2008, quando o Encuentro de Poetas del Mundo Latino, realizado nas cidades de Morelia e Pátzcuaro, no Estado de Michoacán, no México, homenageou especialmente a sua obra.