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segunda-feira, 30 de julho de 2007

O manuscrito (Dimas Carvalho)




Epaminondas Pitágoras da Cunha trabalhava numa livraria decrépita, um prédio velho de dois andares, situado numa ruazinha decadente do centro da cidade. Era o único empregado, além de dono, seu Eleutério, muito idoso, surdo, reumático, quase cego. De modo que Epaminondas se via quase que como proprietário absoluto daqueles milhares de livros velhos e empoeirados, perfilados em estantes antigas, e aos quais praticamente ninguém procurava. Porque os clientes, como era de se esperar de tal estabelecimento, eram raros, e também eles antigos, decrépitos e decadentes.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O último troiano (Nilto Maciel)


 
















Quando mais uma pessoa caiu do edifício Tróia, a história das tragédias lá ocorridas voltou à baila. Relembraram repórteres as outras mortes no prédio de vinte andares. Um ano atrás, uma jovem se havia espatifado na calçada, caída do 18.º andar. E ainda não se concluíra o inquérito. Inoperância da polícia – asseguravam jornalistas. Para o delegado, podia se tratar de suicídio, hipótese não aceita pela família da vítima. No ano anterior a esse, um homem voou do 19.º andar. Portava asas de papelão e uma máscara. Disseram ser réplica da face de Cristo. Nos dias anteriores à inauguração do edifício, ainda em obras, um operário escorregou de um andaime do último andar e deu início à série de tragédias acontecidas no lugar. No dia seguinte alguns jornais noticiaram o fato, sem alarde. E ficou nisso.