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sexta-feira, 11 de março de 2011

Ciência e ignorância (Manuel Soares Bulcão Neto)




Certa noite, no Café da Bebel, estávamos eu e Augusto Pontes a degustar licores quando uma moça sentou-se à nossa mesa. Era psicanalista da escola lacaniana, e como, apesar de leigo, interessava-me por Freud, a conversa deslanchou. Ao ouvir meus comentários sobre conceitos tidos como avançados – nó borromeu, sinthome... –, quis saber qual minha formação acadêmica. “Apenas bacharel em Direito”, respondi. Ela, então, caiu na risada e disse: “Esses advogados são muito metidos.” Senti-me um sofista achincalhado por Sócrates. Augusto, porém, que nos deixou tiradas geniais, assim interveio a meu favor: “Amiga, todas as ciências são metidas umas com as outras.”

Sempre contigo (Inocêncio de Melo Filho)




Deixei na memória da sua nuca


Meu último beijo


Deixei na memória da sua nuca


Meu último poema


Deixei na memória da sua nuca


Meu desejo de continuar contigo


Deixei na memória da sua nuca


Meu desencanto


Deixei na memória da sua nuca


Meu silêncio que grita


Deixei na memória da sua nuca


Meus lábios e suas angústias


Deixei na memória da sua nuca


Minha mordida mais dileta


Deixei na memória da sua nuca


Minhas fantasias mais significativas


Deixei na memória da sua nuca


Todos os meus Eus


Para que fiques sempre comigo


Embora não me desejes...


(6/1/2011)
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