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terça-feira, 23 de julho de 2013

Diário com Uliyana Maksymenko (Nilto Maciel)


(Quadro de Aldemir Martins)


Escrever diário é não viver. Ou é viver só para escrever. Com anotar fatos do cotidiano se parece fotografar ou filmar. Pintar ou desenhar também. A cada dia, a cada hora, o autor de jornal literário ou íntimo (ou pintor, fotógrafo, cinegrafista) estará a se perguntar: por que fui à praia? Para anotar o passeio no caderno. Para fotografar ou filmar o mar. Não para vê-lo, não para desfrutá-lo, não para correr nas praias, pisar a areia, sentir a brisa. O escritor de diário, do mesmo modo o fotógrafo, o pintor, o cinegrafista, é mero anotador de movimentos ou poses dos outros. Da vida dos outros. Ele mesmo não vive. A não ser que outro escritor, pintor ou fotógrafo “narre” seu cotidiano. E se outro, terceiro pintor, se dedicar a pintar o segundo pintor a pintar o primeiro pintor? 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Faz frio (Carlos Nóbrega)












Era este
o lado do guarda-roupas
onde moravam seus vestidos
era aqui tão perto de mim
parece que foi ontem
parece que foi sempre
mas já faz tanto
frio nos porta-retratos. 

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