Na linha da melhor literatura publicada atualmente no Brasil está a produção de Nilto Maciel, escritor e poeta cearense, com vasta bibliografia e uma invejável coleção de prêmios literários. Editor da "Revista Literatura", de circulação nacional, onde comparecem os melhores nomes da cultura brasileira, Nilto Maciel nos coloca frente a frente com uma linguagem tecida nas malhas da alegoria e da metáfora da vida doméstica e urbana, bem tratada no contexto de sua prosa, propiciando uma leitura prazerosa.
Maciel não tem preocupação com a fama, com os holofotes e com a facilidade de exposição que um certo meio editorial freqüentemente alimenta. Não. Despojado de afetações ou de modismos, sua lavratura centra-se na qualidade, esmerado entalhador de textos que é. Embora já tenha publicado em editoras de renome, os contos, novelas, romances e poesias de Nilto Maciel circulam entre seus pares e, muito bem recebido pela crítica especializada, sabe penetrar nesse universo, sem os condicionamentos da massificação que muitas vezes empurra goela abaixo autores e livros sem qualidade.
A criatividade desse autor maduro e consciente da função motivadora da literatura se revela sem muito esforço. Lendo Os Varões de Palma, seu último romance, a ficção encontra seu apogeu, pois há uma técnica narrativa que realça a imaginação, pois seu enfoque transita num mundo caleidoscópico, espectros de surrealismo ou realismo fantástico. Quem lê suas obras, sabe disto: ela maneja bem as situações, sem exacerbações ou pieguices, mas num crescendo, onde a coerência narrativa exerce plena comunicação com o leitor. Nesse diapasão estão outros trabalhos, de reconhecido quilate estético: A Guerra da Donzela, A Última Noite de Helena, Os Guerreiros de Monte Mor (todas premiadas), além de O Cabra Que Virou Bode, As Insolentes Patas do Cão, e vasta publicação de poesia.
Nilto Maciel é escritor para ser lido, relido e compreendido, porque o imprevisível, o mágico, o inusitado, a alegoria e até mesmo situações comuns (tratadas com precisão, talento e cuidado estilístico) se desprendem de suas palavras, pois o autor é um bom carpinteiro nesse gênero.
(Jornal de Cataguases, MG, 19/3/1995)
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