Enquanto vasculhava o céu com sua luneta, Gilbert Seurat sonhava com a Terra. Queria conhecer o mundo, viajar pelo planeta. A Europa já lhe parecia a própria casa. Amigos o aconselhavam a se radicar na Alemanha. Falavam de Effelsberg. Porém Gilbert guardava rancor aos alemãos. Seu pai havia morrido em combate aos nazistas. “Coisas do passado”, justificavam. Fosse, então, para os Estados Unidos, se não preferisse a União Soviética ou a China. “O observatório de Fred Whipple...”. Não, nada de comunismos, ideologias, guerras nas estrelas. Queria apenas descobrir outro planeta. E entrar para a História da Astronomia. Por que não chegar ao “teto do mundo” e de lá, com sua luneta, avistar de mais perto a explosão do Universo?
Falaram-lhe de um brasileiro chamado Rubens de Azevedo. Onde ficaria o Brasil? A leste de Plutão, ao sul de Cayenne. Pegou a luneta, levou-a ao olho e sonhou. “É um estudioso da Lua”, leu numa revista.
Partiu de Paris num dia de tempestade. Chegou a Fortaleza numa “tarde belíssima”, como escreveu a um amigo. “Beau ciel, vrai ciel, regarde-moi qui change!”
Apresentou-se ao colega cearense como amador de astronomia. E deu-lhe de presente uma réplica da luneta predileta de Johannes Kepler.
Conversaram durante mil noites e dias. Seraut leu tudo o que lhe apresentou Rubens. Aprendeu logo a língua de Alencar e a fala do Ceará.
Num dia de tempestade viajou de volta a Paris. Levava na bagagem alguns novos astros. E diversos estudos sobre a origem da Lua.
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