Na latrina, Carlos Magno cismava. Conquistar mais terras, expandir o reino, o Regnum Francorum, tornar-se Imperador do Ocidente. No entanto, aquela dor não passava. Maldita comida! Mandaria matar todas as cozinheiras do palácio.
Sim, um novo Império Romano, milhares e milhares de soldados e súditos, terras e mais terras para pilhar, pisar e legar aos filhos.
A dor tornou-se mais intensa. Gemer, a sós, não lhe tiraria o cetro, o título de Rex Francorum et Langobardorum. Mesmo assim, nunca mais comeria tanto. Já não era tão moço.
Uma dor maior sacudiu o rei francês. Evacuou mais. Olhou para baixo. A dor passava. O reino seria expandido, sim. Muitas terras, o mundo inteiro a seus pés. E tudo deixaria para os filhos. Um pedaço para Luís, outro para Pepino, terceira parte para Carlos.
Livre das dores, Carlos Magno lavou-se, vestiu-se e deixou a latrina.
Numa sala, os três meninos brincavam de dividir o reino. Rasgavam um mappa mundi, e riam como nunca.
O rei olhou para eles. Por que haviam feito tudo antes dele?
Pepino olhou para Luís, Carlos para Pepino, Luís para Carlos. Não, não tinham feito nada ainda.
E correram para a latrina.
O mundo ficou dividido no meio da sala.
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