O físico Alexandre Neves viveu seus últimos dias num manicômio. Completamente abandonado pelos familiares e ex-colegas.
Alexandre fez-se famoso a partir de 1961, quando conheceu Hannes Alfven e se dedicou ao estudo das teorias do futuro Nobel. Logo passou a publicar artigos e ensaios, na revista Física, onde demonstrava erros científicos nas teorias do físico sueco.
Seu mais polêmico ensaio é Nova cosmogonia do sistema solar. Para alguns cientistas, não passa de “um amontoado de baboseiras”. Outros, porém, vêem neste e nos demais estudos de Alexandre os germes da física do século XXI. Jornais e revistas publicaram declarações de uns e outros. Para logo desmentirem tudo. Os jornalistas simplesmente haviam distorcido suas palavras. O Doutor Cícero Plasmático chegou a brincar: nunca falaria ou escreveria a palavra “baboseira”. Muito menos “baba”. Preferia espuma, escuma, espumar, escumar. E cuspia latim: spumas agere in ora.
Alexandre Neves seria a grande vítima moderna da ditadura dos cientistas. Sua loucura teria sido produzida ou mesmo inventada. Seus escritos subvertiam a ordem. Não a da Terra ou a das estrelas. Porém uma ordem menor, a dos homens, ou a de um punhado deles — os físicos.
Recentemente uma pesquisadora descobriu um manuscrito, de provável autoria de Alexandre. Intitula-se Hannes Alfven: a grande mentira. Porém herdeiros do físico brasileiro disseram desconhecer o caderno. Apresentado à imprensa, negaram a existência de obras inéditas deixadas pelo “doido”.
Quem, então, escreveu o polêmico livro? Talvez Prokofiev — brincou um dos filhos de Alexandre, o pianista Sérgio Neves. E referia-se a Serguei Prokofiev, o compositor.
O citado Doutor Cícero, convidado a opinar, mais uma vez gracejou: Aleksandr Prokofiev nunca existiu. Pelo menos no “meio físico”. E, se existiu, não passou de invencionice de Alexandre Neves. Pois uma das afirmações mais bombásticas da obra diz serem as “ondas de Alfven” descoberta de Aleksandr Prokofiev, em 1936, e, assim, deveriam denominar-se “ondas de Prokofiev”.
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