Fundada em janeiro de 1992, persiste, sendo editada, ´Literatura: Revista do Escritor Brasileiro´. O editor é o escritor Nilto Maciel, até hoje. O local de nascimento dessa revista literária é Brasília.
Nilto Maciel é cearense mas residiu bastante tempo na Capital Federal por conta de sua profissão de advogado e funcionário público da união. Irrequieto, esse contista militou nos principais grupos literários cearenses dos últimos tempos, entre eles, ´O Saco´ e o ´Siriará´. É também autor de vários livros de narrativas, destacando-se a novela A guerra da donzela, o livro de contos As insolentes patas do cão e o romance Estaca Zero.
Apesar de sua humildade em achar que a revista é produto das pessoas publicadas, sabe-se que ele é o faz tudo da publicação. É ele que lidera os autores e que administra financeiramente a revista, a ponto de, muitas vezes, ter que utilizar recursos próprios para a sua não desativação. É bem verdade que ele acercou-se de escritores amigos e corretos nas ações. Basta ver o conselho editorial do número 01 que traz Emanuel Medeiros Vieira, Dimas Macedo, Uilcon Pereira e Enéas Athanázio. São nomes sérios, dentro do universo literário brasileiro, e que ainda hoje continuam participando da revista, com exceção de Uilcon Pereira, que faleceu prematuramente.
A proposta inicial da revista vem assim transcrita no primeiro número: ´Literatura se destina a divulgar livros, autores e idéias. Sobretudo aqueles editados por pequenas e médias editoras, ou por conta do autor. Para tanto, publicará, em primeiro lugar, artigos, resenhas, comentários, pequenos ensaios, bem como depoimentos, entrevistas, etc. Secundariamente publicará poemas, contos, crônicas, etc´.
Pulando do número 01 para o 33, o último a sair, em 2007, verifica-se que o estilo é o mesmo, mas a revista está mais personalizada. Já vem com código de barra, ISSN, e com um corpo de colaboradores composto de nomes reconhecidos nacionalmente. É só comprovar ali, a presença de escritores como Fábio Lucas, Francisco Carvalho, Glauco Mattoso, do próprio Nilto, de Jorge Tufic e de Ana Miranda. Depois, há o fato das matérias passarem atualmente por exigente peneirada, tendo em vista o volume de colaborações que chegam às mãos do editor.
A vitalidade dessa revista é atribuída à persistência do escritor Nilto Maciel e à qualidade do material publicado. Ultimamente ela vem sendo editada em Fortaleza pela RDS Gráfica e Editora e tem como endereço para correspondência, a rua Haroldo Torres, 1111, ap.101, no Monte Castelo, com o CEP 60357-100. Se o colaborador preferir correio eletrônico é só utilizar o E-mail: niltomaciel@uol.com.br. Se o material for de qualidade, com certeza aparecerá estampado na revista. A distribuição alcança o Brasil inteiro e algumas localidades do exterior.
A resistência de ´Literatura´ nos leva a algumas conclusões. A primeira é de que a facilidade, hoje, de se editarem revistas eletrônicas não restringiu o número de publicações de periódicos impressos. Parece que o encantamento de se ter em mãos uma coletânea de textos dos mais variados autores não se acaba nunca, além do fato de se poder transportar no nosso aconchego para os mais inusitados espaços. Depois, há a questão da distribuição. Cada autor é um distribuidor. Como a revista traz autores de quase todos os estados brasileiros, não é de se admirar que a mesma circule nacionalmente sem ter a respaldá-la uma grande distribuidora. E tem mais, o leitor ainda guarda o mito de que a revista chegada pelo correio traz uma sensação de gentileza muito maior do remetente, do que aquela enviada por meio eletrônico.
Há, no entanto, uma dificuldade que surge, que fica por conta dos custos das taxas dos correios. Sabe-se que Nilto Maciel nunca aceitou numerários para essas taxas. Sempre foi parcimonioso com relação a finanças. O que prova isso é um fato que aconteceu com a publicação nessa sua longa trajetória. É que do número 15 ao 32 o editor passou a fazer sempre uma entrevista longa com determinados escritores de valor, e colocando, como capa inteira, uma foto do homenageado. Começou com José Saramago e terminou com Nelson Hoffmann. Foi então que excelentes escritores foram homenageados, entre os quais, Caio Porfírio Carneiro, Astrid Cabral, Eduardo Campos, Alcides Pinto, Francisco Carvalho e Flávio Kothe.
Ficou sendo muito honroso aparecer como capa da revista. Daí que candidatos a escritor, desses endinheirados que publicam péssimas obras em edições luxuosas, começaram a assediar Nilto Maciel com quantias apreciáveis para aparecerem homenageados. No entanto, fiel ao seu compromisso com a qualidade, ele negou-se a atender a esses pseudo-escritores exibicionistas, arranjando algumas inimizades. Foi então que pensou inclusive em desativar a revista. Aconselhado então pelos amigos autores colaboradores ele saiu com o número 33 sem colocar retrato de autor nenhum na capa. Assim sendo a revista inicia uma nova fase. Vai continuar sendo editada graças ao empenho desse batalhador que é Nilto Maciel. Agora traz na abertura uma nota: ´Literatura tem o compromisso de publicar apenas aquelas colaborações que foram encomendadas, o que não exclui o exame e avaliação de outros originais recebidos. Os conceitos emitidos em matéria assinada não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Não se devolvem originais´.
(Diário do Nordeste – Fortaleza, Ceará Terça-Feira 26 de Fevereiro de 2008)
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