Tereza Porto é uma poetisa sensível como poucas escritoras que conheço. Sabe as tessituras do amor e os vários silêncios da palavra, mas é a teia da solidão e do cotidiano aquilo que a faz senhora da matéria poética que vai arquitetando.
Não é palavrosa a sua sintaxe literária, nem discursivo o léxico da sua escritura poemática. A autora não se perde em retóricas de qualquer natureza nem reinventa a gramática da sua reserva criativa. Cria simplesmente o verbo da sua semântica pessoal e particularíssima e com ele mapeia os escaninhos da sua doce sensibilidade.
Emoção e palavra, cores, espaços, espanto, dor e devaneio, percepções, ritos de passagem, retrospectivas, paisagens, buscas e enamoramentos – eis a matéria com que a autora entretém o seu imaginário, copidescando em nós, seus leitores, a poética do amor e da experiência.
A simplicidade com que reveste todos os poemas, o sentido de comunicação com que embala o seu acalanto criativo fazem da sua escritura literária um território do prazer e do encantamento, pois que a sensualidade e os filamentos poéticos ungem o seu texto de magia, mel e porcelana.
O que a estética da recepção espera do seu texto? Acho que tudo é possível prever quando se trata, como no caso de Teresa, de uma poetisa sóbria e elegante, que sabe ver e sabe velejar, e que é luz, como poucas, entre as poetisas de sua geração.
Assim sendo, é com prazer que recomendo a leitura deste seu novo livro, intitulado Por Trás da Janela (Fortaleza, Edições Livro Técnico), que vem se somar ao seu livro anterior – Teias da Solidão (Fortaleza, Edições Inesp, 2001), assinalando assim um traço representativo em sua trajetória literária.
Vejo por fim em todos os seus versos o despojamento completo da expressão literária, a claridade exuberante das imagens e os traços e as cores da expressão sensual, porque de gestos e linguagens e intenções artísticas relevantes são feitos os linhos da sua produção artesanal.
E nada mais a dizer. Nem seria preciso. Tereza Porto é poetisa melhor que qualquer um. É sensibilidade estética também, a iluminar a poesia feminina que hoje se faz no Ceará.
/////