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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Praga à vista! (Nilze Costa e Silva)



Chegamos à deslumbrante cidade de Praga, conhecida como a Pérola do Oriente e terra natal do famoso escritor Franz Kafka, autor dos badalados livros que li ainda na adolescência: A Metamorfose, O Castelo, América, O Processo e tantos outros. Outra moeda, outra cultura, outra história, outros costumes e valores. 
Sobre Praga, a capital da República Theca, dizia Kafka, o mais ilustre personagem da cidade, que virou nome de cafés e livrarias: "Praga não deixa a gente ir embora, esta velha tem garras".
A guia nos levou até o centro histórico da cidade, lotada de turistas. Era uma senhora de idade, cabelos longos e totalmente brancos, falando espanhol e bastante entusiasmada com a história da cidade. Parecia uma atriz, gesticulava, ria, respondia a tudo o que perguntávamos. Detalhe: usava tênis e saia cor-de-rosa. A blusa e o casaco? Cor de rosa. Empunhava uma sombrinha que agitava para o alto quando apontava para os monumentos e nos ordenava que a seguíssemos. Adivinhem a cor da sombrinha? Pois é... rosa! Então não tive outro jeito senão apelidar a nossa simpática Mercedita de Pink, apelido que pegou até o final da viagem. Daí por diante, qualquer restaurante que tivesse cadeira rosa (aliás, parece ser a cor predileta da cidade...), dizíamos: "vamos ao restaurante da Pink!" E o grupo caía na gargalhada. Mas como eu ia dizendo a Pink nos mostrou o lado mais belo da cidade de Praga. Cada bairro e cada rua são verdadeiras obras de arte. A Pink nos mostrou, com seu eterno entusiasmo: a Praça da Cidade Velha, Tombada pela UNESCO, com suas casas e seus edifícios barrocos e góticos, cujas fachadas mostram a riqueza de antigas famílias nobres, artesões e mercadores. Entre elas encontra-se a casa onde residiu o acima citado escritor Frank Kafka. Deslumbrante a igreja de S. Nicolau, concluída em meados do século XVIII. O interior da igreja surpreende pela riqueza arquitetônica de decoração barroca. Fascinante também é a Torre de São Nicolau.
Atravessando a ponte sobre o rio Vltava, linda, cheia de artistas pintores, cantores, vendedores de souvenirs. Fomos ao centro vital de Praga, sempre conduzidos pela sombrinha em riste e cor-de-rosa da Pink, com mais dentes na boca do que o necessário, mas acho que é pra sorrir melhor e mais largo. Nesta imensa praça acontecem os principais eventos da cidade e ao seu redor bares e restaurantes tomam conta das pequenas galerias de arte e lojas de souvenirs. Mas o que há de importante mesmo nesta cidade é o seu famoso relógio medieval que se posta diante de uma multidão que lota os arredores. O relógio, construído em 1410, mantém o mecanismo original reformado entre 1592 e 1572. A mudança da hora vira um show. A estátua da morte vira a ampulheta e ao mesmo tempo é iniciada a passagem dos 12 apóstolos. Todo mundo fica de cabeça para cima e se estivéssemos no Brasil, quando a gente baixasse a cabeça: milagre! não restaria uma bolsa ou carteira sequer para contar a história. O mesmo pensamento me ocorreu quando visitávamos as igrejas recheadas de ouro em suas estátuas, contornos e arabescos.
Como é de praxe, não se pode deixar de visitar velhas igrejas, independente da religião, pois a arte, a cultura, os valores e a fé de um povo nelas estão contidos. Visitamos a igreja de Nossa Senhora de Tyn e Nossa Senhora da Vitória Aqui a atenção dos visitantes é especialmente atraída pela estatueta do Menino Jesus de Praga, conhecido lá por Bambino de Praga, a qual se encontra desde 1628, num armário pequenino de prata, no altar lateral do lado direito.
Depois deste banho de cultura e no último dia, o grupo se dispersou para fazer compras e algo mais. No entanto, uma parte mais decidida foi conhecer a noite de Praga (que ninguém é de ferro), onde ficamos em 10 pessoas até 23 horas, sem nenhum perigo de violência e constatamos que Praga, mesmo com seus monumentos antigos, é uma cidade jovem e extremamente alegre. Ficamos nuns dos vários barzinhos que existem nas calçadas à luz de velas, tomando a melhor cerveja do mundo, segundo os. Como não éramos dali nem viemos pra ficar, caímos na molecagem tipicamente cearense, contando piadas e rindo, quando nos surpreendemos com a voz de um passante: "Olha a zorra aí, moçada!" - ah, que alegria, em meio aquela língua estranha, ouvir a voz de um brasileiro! Que noite maravilhosa! Tanto que a Carminha queria por que queria ver o famoso relógio de Praga dar a badalada da meia noite, mas foi literalmente arrastada pelo grupo, rumo ao metrô, que funciona até meia noite.
Infelizmente era tempo de partir. Foram três dias maravilhosos e muito pouco tempo para curtir tanta beleza arte e cultura. Adeus Praga, pérola do Oriente! Um dia eu volto, quem sabe...
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