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Carnavalha é recente romance. Romance bem original, diferente. Cheio de histórias de inúmeros personagens e sem história. É um romance em que o leitor depara personagens sem conta (sem protagonista), lineares, iguais no absurdo incompreensível da vida. São coisas tão ilógicas como a vida. Como num sonho. Os enredos – o romance não tem um enredo – estão no papel como saídos do inconsciente: sem um roteiro como é a própria vida, as pessoas e as coisas.
Francisco carvalho escreve na orelha do livro: “Seu discurso mistura ingredientes simbólicos como a realidade linear do cotidiano. O erudito e o popular se completam num paralelismo sintático onde até mesmo as reticências do narrador desempenham o papel de figuras de retórica”.
Ao longo do romance, prende a atenção da gente o predomínio, quase absoluto, da frase cortada, curta, fragmentada. Aliás, esse é o modo singular de escrever de Nilto Maciel. Sem frase de efeito e feita, o Autor, pelo súbito da expressão, deixa impacto dentro do leitor. Nilto Maciel é um artista na flexibilidade e manipulação da palavra.
(Publicado no jornal Binóculo nº 85, Fortaleza, agosto de 2008)
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