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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sinfonia da vida (e das cores) (Tânia Du Bois)




“Sem aviso / o vento vira / uma página da vida.”


Apreciar o Sol e o mar, acompanhada de Helena Kolody, em poemas, é uma verdadeira sinfonia da vida. O Sol trilha o caminho da luz em busca de clareza, da verdade. O mar nos dá a sensação da ampliação da consciência, abrindo-se para o belo e o novo. A poesia vai além da hora certa, é ponto essencial para a sinfonia da vida e para a cultura. Assim, posso apreciar e valorizar a vida.

Sinfonia da Vida, de Helena Kolody, é uma obra que vai além da rima, da métrica e do ritmo. “É harmonia: uma música brotando da poesia para cantar a vida”.
Seus poemas contam sua história familiar e amorosa, e suas lembranças. “Vim da Ucrânia valorosa / que fui Russa e foi Rutêria / povo indomável, não cala / A sua voz sem algemas. / Vim do meu berço selvagem / lar singelo à beira d’água / no sertão paranaense... / Por fim ancorei para sempre / em teu coração planaltino / Curitiba, meu amor”.
É um livro de versos pequenos, que descrevem a grandeza do infinito. Sua poesia tem força descontraída, os poemas são espontâneos e seguem o compasso e a harmonia melodiosa das frases em movimento.

“Quem vai cantando / Não vai sozinho. / Dançam em seu caminho /
O sonho e a canção”.

Após aprender a ler, decorava e cantava os livros que lia; adorava as histórias infantis. O magistério e a poesia foram as duas asas de seu ideal.

“Sempre cheguei tarde / ou cedo demais. / Não vi a felicidade acontecer. /
Nunca floresceram / em minha primavera / as rosas que sonhei colher. /
Mas sempre os passarinhos / cantaram / e fizeram ninhos / pelos beirais /
do meu viver”.

Em 1951, escreveu A Sombra no Rio, depois, passou treze anos sem produzir, o que veio dividir a sua obra em duas fases: a primeira, mais lírica e, a segunda, mais filosófica.
“Pairo, de súbito / noutra dimensão. / Alucina-me a poesia / loucura lúcida”.

Foi uma poetisa que captou os sentimentos e a vida pelo mundo. “Palavras são pássaros, / voaram! / Não nos pertencem mais”.

Helena Kolody deixou a mensagem, “Aprendi a conhecer o poder extraordinário que a palavra tem e adquire consciência da responsabilidade que a palavra gera. Ela tem valor presente e um alcance futuro incalculável. O que dizemos deixa marcas indeléveis na inteligência e na sensibilidade dos outros”.

Seguindo a mesma linha de pensamento que Helena Kolody nos mostrou na poesia, situo a sinfonia de cores do artista plástico Sérgio Fingermann. Sinfonia de cores são elementos que dialogam com lembranças e memórias da infância, com rigor próprio e questionamentos.

Na poética dessa produção, Fingermann incorpora letras e palavras, pinta as nove sinfonias de Beethoven, promovendo a interação entre a música e as artes visuais. Os trabalhos deram origem a um conjunto de obras na qual o artista explora o silêncio como qualidade própria da pintura.
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