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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alguns versos (Silmar Bohrer)



Ando buscando a substância

que caiba nalgum versinho,

algo que traga a constância

perene de um cadinho.


Vagam em vagas vagantes

os canarinhos cantores,

são pequeninos cultores

de melodias vibrantes.


Caem folhas bem ao léu

no final da invernia,

vou buscando a alquimia

que há debaixo do céu.


Versejando versejando

sempre ao sabor dos ventos,

eu espanto desalentos

e vou na vida vibrando.


Tudo tem o seu preço

na romaria da existência,

por isso busco a essência

com carinho e com apreço.


Ando à procura dos rebentos

da viúva-alegre querida,

eles é que dão a boa vida

nestes agostos mormacentos.


O "bosco" anda encantado

no final da invernia,

a cantiga da galharia

me deixando alumbrado.


Faça o pouco que puder

fazendo sempre bem feito,

pois este é o melhor jeito

de ter o que de melhor houver.


Voltar aos queridos versos

é coisinha saborosa,

pensares em rebordosa

até os confins dos universos.


São ventares bem quentinhos

anunciando nova era,

e vem surgindo os brotinhos

anunciando a primavera.


A corruíra maviosa

voltou então a cantar,

cantando sem rebordosa

faz meu ser então vibrar.


Ventinhos imensuráveis

nas canhadas do infinito,

companhias agradáveis

pralgum versinho bonito.


Tico-ticos e canarinhos

são companhias caseiras,

criaturinhas faceiras

merecendo meus versinhos.


Mas como vou tratar mal

as minhas poucas idéias,

verdades ou panacéias,

elas são o meu fanal.


Ventos ventinhos ventares

também são venturas minhas,

são eternos silabares

quais vinhos das melhores vinhas.


Fim de tarde. Calmaria.

Sol no ocaso. É o poente.

Eu nos versos. Confraria.

Sossego. O "bosco" silente.


Andam ventos altaneiros

anunciando nova era,

ventos quentes, mensageiros

da doçura primavera.
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