Ando buscando a substância
que caiba nalgum versinho,
algo que traga a constância
perene de um cadinho.
Vagam em vagas vagantes
os canarinhos cantores,
são pequeninos cultores
de melodias vibrantes.
Caem folhas bem ao léu
no final da invernia,
vou buscando a alquimia
que há debaixo do céu.
Versejando versejando
sempre ao sabor dos ventos,
eu espanto desalentos
e vou na vida vibrando.
Tudo tem o seu preço
na romaria da existência,
por isso busco a essência
com carinho e com apreço.
Ando à procura dos rebentos
da viúva-alegre querida,
eles é que dão a boa vida
nestes agostos mormacentos.
O "bosco" anda encantado
no final da invernia,
a cantiga da galharia
me deixando alumbrado.
Faça o pouco que puder
fazendo sempre bem feito,
pois este é o melhor jeito
de ter o que de melhor houver.
Voltar aos queridos versos
é coisinha saborosa,
pensares em rebordosa
até os confins dos universos.
São ventares bem quentinhos
anunciando nova era,
e vem surgindo os brotinhos
anunciando a primavera.
A corruíra maviosa
voltou então a cantar,
cantando sem rebordosa
faz meu ser então vibrar.
Ventinhos imensuráveis
nas canhadas do infinito,
companhias agradáveis
pralgum versinho bonito.
Tico-ticos e canarinhos
são companhias caseiras,
criaturinhas faceiras
merecendo meus versinhos.
Mas como vou tratar mal
as minhas poucas idéias,
verdades ou panacéias,
elas são o meu fanal.
Ventos ventinhos ventares
também são venturas minhas,
são eternos silabares
quais vinhos das melhores vinhas.
Fim de tarde. Calmaria.
Sol no ocaso. É o poente.
Eu nos versos. Confraria.
Sossego. O "bosco" silente.
Andam ventos altaneiros
anunciando nova era,
ventos quentes, mensageiros
da doçura primavera.
/////