Estamos em pleno agosto, mês das ventanias. Agosto sempre me serve como uma metáfora de passagem. Estamos saindo da estação das chuvas e prevendo o sol que virá com setembro. Mas até lá, teremos que nos haver com os ventos de agosto, que tanto nos chateiam com seus alvoroços, quanto nos alegram com a dança das saias.
Os ventos de agosto levam para longe os miasmas e o mofo criados nos aguaceiros. Seus redemoinhos denunciam o sujo das ruas, carrosséis de papel e folhas secas. Suas noites friorentas propiciam a reconciliação dos casais e atiçam os solteiros em busca de uma costela onde se esquentar.
Agosto irrita, às vezes. O cinzento do céu do inverno ainda teima em nos tapar o sol. As rajadas mais fortes do vento castigam com areia as pernas dos que já se aventuram à beira-mar. Foi o mês em que morreu Getúlio, em que cai o dia das sogras, em que dizem que a bruxa anda solta. Por falar nisso, neste agosto de 2010 vamos ter uma sexta-feira 13.
Mas se não ligarmos para esta fama de mês aziago, podemos viver em paz o que nos resta deste agosto. Enfrentemos com alegria a sua ventania. Vamos pedir para que ela leve, junto com os miasmas e o mofo, as nossas tristezas pelas notícias ruins acumuladas neste ano. Que o vento forte sopre para longe a maldade encruada no coração dos homens.
Pode parecer um desejo infantil, ilógico, esse meu. Mas é o que me ocorre pedir a agosto, este mês de passagem do peso das águas para o céu limpo sobre os campos e as praias. Que o seu mar revolto nos entregue às ondas calmas. Que sua ventania nos leve à brisa leve do verão. E quando estivermos torrando sob o calor da última quadra, lembremos com carinho dos momentos de terna intimidade que agosto nos deu.
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