(Em memória do professor Lauro Junkes, caro amigo e incansável estudioso da literatura catarinense)
Aquela manhã posterior:
qual?
Não a verei – canto da cigarra matutina
morango na relva
grama orvalhada
O espelho me leva a outros espelhos,
a Morte à espreita, sorri na esquina
e diz que sabe esperar: “Tenho mais tempo.”
Olho-a e retruco: “Passou a hora de ter medo.”
Mas sentirei saudades de um certo mar,
de um arco-íris que um menino contemplou
numa ilha ao sul do efêmero.
Cumpri os rituais: afiei o lápis, contemplei a folha
branca
(ah, pureza inatingível/impureza inaceitável).
Palavra arrancada da pedra: esta a memória que ficará.
No meio do café, Ela me olha de novo – fixamente.
Despisto, finjo que não a vejo, e sigo – é preciso
seguir.
Não, não verei meus olhos no momento derradeiro,
nem o novo dia sendo fundado.
As guerras que vivi?
Já não importam.
(Aquele que foi feixe de ossos e de emoções,
segue – pacificado – o rio.)
/////
Aquela manhã posterior:
qual?
Não a verei – canto da cigarra matutina
morango na relva
grama orvalhada
O espelho me leva a outros espelhos,
a Morte à espreita, sorri na esquina
e diz que sabe esperar: “Tenho mais tempo.”
Olho-a e retruco: “Passou a hora de ter medo.”
Mas sentirei saudades de um certo mar,
de um arco-íris que um menino contemplou
numa ilha ao sul do efêmero.
Cumpri os rituais: afiei o lápis, contemplei a folha
branca
(ah, pureza inatingível/impureza inaceitável).
Palavra arrancada da pedra: esta a memória que ficará.
No meio do café, Ela me olha de novo – fixamente.
Despisto, finjo que não a vejo, e sigo – é preciso
seguir.
Não, não verei meus olhos no momento derradeiro,
nem o novo dia sendo fundado.
As guerras que vivi?
Já não importam.
(Aquele que foi feixe de ossos e de emoções,
segue – pacificado – o rio.)
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