Sou uma soma disforme
De minhas próprias migalhas,
O sumo de todas as lutas,
Resto de muitas batalhas,
Mas trago sonhos nas mãos.
Não contornei desafios.
Vim engolindo as pedras,
Sorvendo os pântanos,
Devorando os montes
Que me surgiram.
Nada ficou no caminho:
Tudo virou identidade.
Só vejo com clareza o que fui.
Assento ainda os tijolos de hoje
E é inútil ter pressa.
Se ontem soubesse o que sei,
Apenas saberia agora
O que amanhã saberei,
No mesmo ciclo:
Criar-se e recriar-se
Sem fim.
Tenho os pés afoitos
E caminhar cauteloso:
Um passo atrás da certeza,
Outro adiante de mim.
Lanço o olhar aventureiro à frente
E reconheço-me no retrovisor.
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