(Praça do Ferreira, Fortaleza, anos 1960)
Encontros e desencontros são levados pelo vento, mas a essência, a identidade tende a permanecer mesmo diante das tempestades. Ainda muito jovens, assentamos nossas raízes em torno daquele banco. Nele, depositamos nosso verdor, nosso entusiasmo de adolescente, nossas dúvidas e receios quanto ao futuro. E nessa vibração e desassossego, irreverentes disciplinados, sorrimos, choramos, crescemos, frutificamos.
Passados 30, 40, 50 anos, olhamos para trás e contemplamos com carinho nossos doces - às vezes amargos - momentos naquele banco onde tomaram assento as turmas de cabistas e chbistas. A propósito, cabistas e chbistas foram um grupo de cerca de mil estudantes, dentre os quais me incluo, que entre 14 e 16 anos iniciaram a vida profissional como aprendizes no Banco do Nordeste no limiar da década de 1950 até fins dos anos 1980. Aprovados no estudo e no estágio bancário, éramos admitidos no BNB como funcionários.
Tão bom nos reencontrarmos depois de tantos anos no lançamento do livro CAB/CHB 50 anos – uma epopeia recentemente ocorrido!... Foi quando pudemos abraçar os “hermanos” de nossa tribo com quem compartilhamos recortes de um passado comum - histórias e peraltices sedimentadas em nosso imaginário coletivo. E, com propriedade, permitimo-nos recordar as agruras e as graças de quem muito verde teve que assumir responsabilidade de peso como se maduro fosse.
On a dark desert highway/ cool wind in my hair... Ao som de Hotel California e outros clássicos dos anos 60, 70 e 80, senti vontade de me abancar com cada um para ouvir sua trajetória, a quantas andavam a família, as conquistas, as perdas. De alguns, não lembrei o nome, mas a energia de todos acendeu em mim o vigor da juventude. E como foi reconfortante entrançarmos os fios de memória que nos identificam!...
18/9/2010
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