Os ares embalsamados
pelas doçuras do outono,
tico-ticos dando o entono
de cantores inspirados.
Tarde lúgubre outonal
neste domingo cinzento,
dos pássaros só o lamento
lá no meio do cipoal.
Folhas da noite balançam
ao sabor dos ventos outonais
e as nuvens ligeiras avançam
rumo às auroras boreais.
Ouço vozes outonais
no alto da galharia,
são os ventos-rebeldia,
vaticínios hibernais.
Mádidas manhãs de maio,
céus azuis de brigadeiro,
sigo sendo aquele aio,
da natureza um escudeiro.
Bem-te-vis, sabiás, sanhaçus,
canta a cascata encantada,
tico-ticos peitos nus,
vozes e versos da estrada.
Outono com solzinho bom
nesta mágica natureza,
ares e nuvens dando o tom,
e o manto azul é realeza.
Os alegres canarinhos
vão fazendo a sua festa,
faz parte da sua gesta
de cantores animadinhos.
Chimarrãozinho, ao sol,
e também versejando...
Vivo a vida em si bemol,
o belo a contemplar, ando.
Caramanchão já sem folhas
neste outono em que vivemos,
a noite não tem escolhas,
então, estrelas, conversemos.
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