(Poeta e ensaísta Dimas Macedo)
Recebo livros de Dimas Macedo desde 1980. O primeiro deles foi A distância de todas as coisas. Morava em Brasília havia uns três anos apenas, porém sentia uma saudade tão grande de nossa pátria cearense que aqueles poemas me fizeram chorar. “Amo-te, Lavras, / nasci de ti, / do teu útero perfumado / que se dilatou com o tempo / para receber mais um filho, /pois parti, /o dever da vida me enxotou / para fora de ti”. Lavras significava para mim o Ceará e não apenas a terrinha onde nasceu o poeta.
Passados 30 anos, recebi mais um presente (tudo é passado) de meu amigo Dimas: A brisa do Salgado. Vocês sabem o que é o Salgado? “Nasci no sítio Calabaço, em Lavras da Mangabeira (CE), não muito distante da confluência do Riacho do Rosário com o Rio Salgado” – eis a resposta, nas palavras do próprio poeta.
A obra é composta de 50 crônicas, artigos, ensaios e resenhas, todos relativos a personagens da História de Lavras, a fatos e livros. Inicia-se (depois do prefácio) com “Centenário de Aurélia Férrer” e termina com “Literatura lavrense – notas para sua História”. São dezenas as figuras históricas da cidade relembradas ou retratadas: Antonio Lobo de Macedo, Francisco Francílio Dourado, Joaryvar Macedo, Eunício Lopes de Oliveira, José Teles, Antônio Augusto Gonçalves, Vicente Lima, Neide Freire, Nilson Furtado, padre Nonato, Hernandes Pereira, Francisco Araújo, Ilza Machado, Itamar Filgueiras, Cristina Buarque de Almeida, Aury Porto, madre Marieta Moura, Olindina Divina Leite, Luiz de Sousa Lima, Egídio Barreto de Oliveira, Francisco Ferreira Lima, Manoel Gonçalves de Lemos, padre Machado, João Lemos, padre Alderi e outros que não aparecem nos títulos.
No prefácio, Dimas confessa: este livro “é aquele que mais me tocou a emoção durante o seu processo de feitura. Não se compara a nada do que já escrevi no campo literário, porque situa-se, decididamente, entre a pesquisa biográfica de corte científico e a leveza da crônica de sentido social ou memorialístico”.
Este é o 35º livro de Dimas Macedo, lista iniciada em 1978, com Primeiros poemas. Na “conclusão” do derradeiro ensaio de A brisa do Salgado, afirma: (...) “este diminuto trabalho não tem outro mérito senão o de prestar uma homenagem àqueles que, sendo lavrenses, enveredaram pelo caminho das letras ou, não o sendo, dedicaram a Lavras da Mangabeira uma parcela de sua criação poética ou de seu estro de prosador, exaltando os encantos da terra acolhedora”.
Fortaleza, 21 de novembro de 2011.
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