Airton Monte: ser humano singular; poeta, cronista, contista e romancista; amigo a qualquer hora; boêmio; apaixonado pelo Fortaleza Esporte Clube; pai de Bárbara e Plabo; marido de Sônia; filho da Gentilândia (o mais chamoso bairro da capital cearense); autor de O Grande pânico (1979), Homem não chora (1981), Alba Sanguínea (1983), Moça com flor na boca” (2005), adotado pelo vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC), e os poemas de Memórias de botequim. Participou de algumas antologias: Os Novos Poetas do Ceará III, Antologia da Nova Poesia Cearense, Verdeversos e 10 Contistas Cearenses. Integrou o grupo que formulou e concretizou a revista nacional O SACO (1976/77) e o Grupo Siriará de Literatura. Escreveu centenas ou milhares de crônicas, publicados no jornal O Povo. Exercia a medicina psiquiátrica. Hoje, 10 de setembro de 2012, partiu para a eternidade, deixando em sua cidade e mais além dela, um mundo de saudade sem igual (letra de um frevo que adorava e também adoro, porque lembra nossa infância e nossos carnavais.
Estou e estarei (não se sabe até quando) com muita saudade, meu irmão. Você me chamava de "bigode". Eu o chamava e chamarei de Airton Monte mesmo. Vamos dançar um frevo nas plagas do mistério? Para encerrar esta breve homenagem, um "poema" seu (fala de personagem de um dos contos essenciais da moderna literatura brasileira ("Ave nortuna"): "Bobagem, doutor, esse sua mania de tentar me olhar através de mim como se eu fosse um espelho. Às vezes, tenho a impressão de que você está falando só com a minha roupa. Você se esconde por trás dos óculos como o avestruz enterra a cabeça na areia. Estamos um diante do outro e nada podemos fazer ou falar. As muralhas estão erguidas. As mãos não empunham martelos para derrubá-las".
Fortaleza, 11 de setembro de 2012.
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