para que testamento
não ponham flores no túmulo
não usem fumo mesmo que recrudesça a moda
não coloquem notas nos jornais
não enviem mensagens de luto pelas redes sociais
não produzam ritos de corpo presente
não chorem... não chorem...
não comemorem cem anos como se vivo fosse
não escrevam necrológios de qualquer espécie
não aprisionem cinzas em urnas para sempre
não fotografem o corpo inerte sob castiçais
não entoem hinos de tristeza e de dor
não chorem... não chorem...
não guardem na lembrança as coisas más
não sacrifiquem o sono no dia de finados
não delirem no lusco-fusco entre sombras
não reguem as flores sobre nenhuma presença
não reforcem nos vivos a sempre ausência
não chorem... não chorem...
talvez seja tarde demais e o pranto amanheça
talvez seja óbvio o despertar do desencanto
talvez seja insano abafar a nostalgia
talvez seja inválido desempatar a dor
talvez... mas não chorem... não chorem...
e finda a dor, não cumpram o testamento.
não ponham flores no túmulo
não usem fumo mesmo que recrudesça a moda
não coloquem notas nos jornais
não enviem mensagens de luto pelas redes sociais
não produzam ritos de corpo presente
não chorem... não chorem...
não comemorem cem anos como se vivo fosse
não escrevam necrológios de qualquer espécie
não aprisionem cinzas em urnas para sempre
não fotografem o corpo inerte sob castiçais
não entoem hinos de tristeza e de dor
não chorem... não chorem...
não guardem na lembrança as coisas más
não sacrifiquem o sono no dia de finados
não delirem no lusco-fusco entre sombras
não reguem as flores sobre nenhuma presença
não reforcem nos vivos a sempre ausência
não chorem... não chorem...
talvez seja tarde demais e o pranto amanheça
talvez seja óbvio o despertar do desencanto
talvez seja insano abafar a nostalgia
talvez seja inválido desempatar a dor
talvez... mas não chorem... não chorem...
e finda a dor, não cumpram o testamento.