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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Was will das Weib? (W. J. Solha)



          O que quer a mulher?, disse Freud, gênio que, como todos, deu suas mancadas, uma das quais a formulação da teoria da inveja feminina pelo pênis, difícil de acreditar, uma vez que o orgasmo da mulher é muito mais intenso que o do homem, a ponto de levá-la ao desmaio, como o de Lenita de A Carne, de Júlio Ribeiro, enquanto ele (pra sua própria satisfação) tem de ficar na retranca no jogo, pra administrar o gozo.  Claro: a Natureza dá muito mais à mulher, porque muito mais exige dela. Ou exigia, porque as coisas mudaram e continuam mudando, de uns tempos pra cá. Em Os Irmãos Karamázovi há um capítulo chamado “O Grande Inquisidor”, em que esse personagem do século XVI promove apresentações teatrais cuja figura central era sempre a Virgem, porque – segundo Ivan Karamazov – quinze séculos se haviam passado e a promessa da volta de Cristo não se cumprira, daí a troca de foco, com ênfase, da Igreja, nas aparições de Maria. Ideia que parece correta... em parte, pois havia também o interesse em sacralizar a virgindade feminina, a começar pela dela, que passou a ser interpretada como perpétua, apesar de tão claramente se ler em Mateus 12,47: Eis que estão aí tua mãe e teus irmãos – mater tua et fratres. E haja belas e jovens mártires a preferir a morte ao pecado. E quanta publicidade se viu, a partir da segunda grande guerra, nesse mesmo espírito, reduzindo o supremo objeto de desejo da mulher a uma nova enceradeira, fogão mais moderno, geladeira maior, e ainda houve resquícios disso na recente passagem do sabão Minerva, em barra, pro Omo, em pó. 
 
          Acusa-se o homem por tais lavagens cerebrais, atrás de permanente comando. Mas na verdade o casal foi vítima da condição de seres pensantes pero no mucho, já que reprodutores: dez, doze filhos era coisa de doido, pro homem e pra mulher. E quem não se irmana à revolta de Frederic Henry – de Adeus às Armas – quando ele perde Catherine num parto, fruto de um amor tão grande, que jamais parecera ao personagem de Hemingway – pura ingenuidade – estar levando pra “aquilo”? E na realidade foram os homens – quase todos na guerra – que tiraram as mulheres de casa pra fabricar bombas no século passado, vendo, depois, que das fábricas elas não queriam mais sair. OK. Logo depois, um homem – Gregory Pincus (outros dizem Luis Miramontes) – criou a pílula anticoncepcional, ponto final no “Multiplicai-vos e dominai toda a Terra”.

E agora: Was will das Weib? Acho que o que ela quer, neste momento, é multiplicar o exemplo de Hedy Lamarr (a bela Dalila do filme de B. DeMille), que em 1940 patenteou com seu verdadeiro nome – Hedwig Eva Maria Kiesler – um aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas, sistema que foi a base para os atuais celulares. Isso fez Sansão perder alguns cabelos. Mas sorrir também, cúmplice aliviado da dupla libertação.
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