O que quer a mulher?, disse Freud, gênio
que, como todos, deu suas mancadas, uma das quais a formulação da teoria da
inveja feminina pelo pênis, difícil de acreditar, uma vez que o orgasmo da
mulher é muito mais intenso que o do homem, a ponto de levá-la ao desmaio, como
o de Lenita de A Carne, de Júlio
Ribeiro, enquanto ele (pra sua própria satisfação) tem de ficar na retranca no
jogo, pra administrar o gozo. Claro: a
Natureza dá muito mais à mulher, porque muito mais exige dela. Ou exigia,
porque as coisas mudaram e continuam mudando, de uns tempos pra cá. Em Os Irmãos Karamázovi há um capítulo
chamado “O Grande Inquisidor”, em que esse personagem do século XVI promove
apresentações teatrais cuja figura central era sempre a Virgem, porque –
segundo Ivan Karamazov – quinze séculos se haviam passado e a promessa da volta
de Cristo não se cumprira, daí a troca de foco, com ênfase, da Igreja, nas
aparições de Maria. Ideia que parece correta... em parte, pois havia também o
interesse em sacralizar a virgindade feminina, a começar pela dela, que passou
a ser interpretada como perpétua, apesar de tão claramente se ler em Mateus
12,47: Eis que estão aí tua mãe e teus irmãos –
mater tua et fratres. E haja belas e jovens mártires a preferir a morte ao
pecado. E quanta publicidade se viu, a partir da segunda grande guerra, nesse
mesmo espírito, reduzindo o supremo objeto de desejo da mulher a uma nova
enceradeira, fogão mais moderno, geladeira maior, e ainda houve resquícios
disso na recente passagem do sabão Minerva, em barra, pro Omo, em pó.
E
agora: Was will das Weib? Acho
que o que ela quer, neste momento, é multiplicar o exemplo de Hedy Lamarr (a bela
Dalila do filme de B. DeMille), que em 1940 patenteou com seu verdadeiro nome –
Hedwig Eva Maria Kiesler – um aparelho de interferência em rádio para despistar
radares nazistas, sistema que foi a base para os atuais celulares. Isso fez
Sansão perder alguns cabelos. Mas sorrir também, cúmplice aliviado da dupla
libertação.
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