Não sei
se a leitura do conto “Giacomo Joyce” teve alguma influência no que irei
relatar aqui. Durante a manhã de ontem, li metade dele. Fui dormir depois do
almoço. No final da tarde, não me aproximei mais do livrinho (são apenas 40 páginas,
edição bilíngue, tradução de Roberto Schmitt-Prym) e me apeguei à revisão de Gregotins de desaprendiz, conjunto de artigos cuja primeira edição pretendo para
este ano.
Agora me
lembro de como surgiu a ideia de tecer estas linhas. Deu-se à noitinha. A televisão
ligada. Moviam-se e dialogavam personagens. Trama corriqueira. Pus-me, então, a
imaginar um modo de dar publicidade contínua aos tais gregotins. Aproveitaria
meu blog e nele poderia inserir, diariamente, mensagens sucessivas e de
variadas formas. Principalmente comentários curtos de leitores. Como uma ideia puxa
outra, vi mais possibilidades no tal diário. Sim, poderia fazer do blog também um
jornal pessoal (apenas meu flanco literário). Deixei para trás o filme, fui ao
dicionário e me pus a fazer anotações: “Notas breves ou não, resumidas e até
enigmáticas. Pequenas notícias (literárias) minhas, como recebimento de livros,
mensagens e textos literários (dar nomes aos mensageiros). Apontamentos para
contos, poemas, crônicas, etc. Notícias editoriais de meus livros. As notas podem
ser diárias ou não; ou mais de uma por dia, dependendo da necessidade ou
possibilidade”. Qual seria o título do “projeto”? Depois de alguns minutos,
decidi: “De meu sol nado ao vário ocaso nosso”. Viria seguido de numeração
romana e de meu nome entre parênteses.
O que
significa o título? Alguns leitores terão decifrado o suposto enigma, imediatamente
após a leitura dele. Outros necessitaram da leitura deste esclarecimento.
Trata-se de verso de algum canto pouco divulgado? Quem será o vate? Desconheço
tal peça e tal poeta. Dirão: Ora, é um decassílabo. Sim, e isto não quer dizer
que seja frase poética. E poderá ser. Machado de Assis (não sei de outros
exemplos), no Dom Casmurro, inaugurou
o que ora ousei imitar. Deu ao narrador Bento Fernandes Santiago, o Bentinho,
depois transformado em Dom Casmurro, a autoria de dois versos. Seriam o primeiro
e o último de um soneto: “Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!” e “Perde-se
a vida, ganha-se a batalha!” Alguns sonhadores tentaram completar o poema.
Francisco Carvalho (nascido em 1927, em Russas, Ceará, Brasil) inventou alguns
sonetos (o “restante”) para dar continuidade ao “soneto não concluído” de
Bentinho.
(27/janeiro/2013)
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