“Podemos
nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.” (Freud)
Abro espaço
em minha vida para as atividades do cotidiano, mas resisto em considerar algum
espaço para dar e receber um elogio ou auto-elogio. O auto-elogio, por vezes,
incomoda e até constrange. O elogio incentiva, dá a força e o apoio que me
mantém entusiasmada para seguir em frente. Cabe elogiar a todos os que mereçam,
porque revelam a coragem do ato, do gesto, da competência e, ainda, fazer
justiça a alguém torna menos árdua a sua luta pela sobrevivência. Segundo
Shirley Souza, “Uma vida em amostra ao mundo / Toda uma história expressa em
camadas / As marcas de uma jornada / Demonstrada por meras palavras...”.
Machado de Assis expressa, “Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os, eles
fazem bem à alma e até ao corpo”.
A sensação
ao dar ou receber um elogio é de que existe um vasto mundo e o desejo de vê-lo
é mesmo que seguir em direção a novos horizontes, porque o ato de elogiar pode
levar a pessoa à nova perspectiva de vida, e nortear a sua área de trabalho. Em
outras palavras, o elogio é o reconhecimento e a consideração que leva ao
despertar do interesse em realizar algo transformador; proporciona ao elogiado
a experiência do prazer como sensação de “alumbramento”.
Todo processo de escolha tem real inserção na vida das pessoas, auxilia na
questão do potencial. E isso vale a pena porque torna alguém feliz e
reconhecido, dentro da vitalidade da cultura. O importante é ter consciência de
que o elogio precisa ser verdadeiro para cumprir a sua finalidade: valorizar e
defender a ideia.
Dentro dos elogios possíveis, reconheço-os na Literatura de Cordel: literatura
popular de que nos diz Mariana Albanese:”a Literatura de Cordel, do fundo
dos tempos chegou para ficar com versos singelos e desenhos belos, espalha
notícias e ajuda a ensinar”.
A origem da Literatura de Cordel é a poesia falada: o repente; o dia do Poeta
da Literatura de Cordel é comemorado em primeiro de agosto: o versejar
nordestino. Os folhetos são vendidos, até hoje, em feiras e mercados, expostos
em varais.
O Cordel é literatura popular porque o poeta traduz em versos o seu dia a dia,
a sua cultura, sua religiosidade e sua mística. Entre tantos poetas, saliento
José Maria do Ceará que, em Gramática em Cordel, versejou: “As letras
trazem fonemas. / E para mais claro ficar, /Os fonemas são os sons / Que usamos
para falar”; bem como Moreira de Acopiara, em Nos Caminhos da Educação,
“Um analfabeto é, / Ao meu ver, um sofredor / Que é facilmente oprimido. / Mas
já disse o professor; /” A educação liberta / Oprimido e opressor”.
O Cordel:
jornal do sertão – livreto, folheto que merece elogio e reconhecimento pela
criatividade artística: plástica e literária; pelo incentivo à cultura
sertanejo-nordestino; pela qualidade dos textos e entusiasmo dos repentistas;
sem exagero, o Cordel atinge a perfeição do versejar sertanejo.
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