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sábado, 8 de outubro de 2005

Ás dos copos (Nilto Maciel)



A vida que pulula certa
e líquida, feito uma duplicata,
é a morte que te mata
e aguardas de boca aberta.

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Joam, o sedutor (Nilto Maciel)

Eu não morro de amores,
eu vivo de amor.
Anônimo.


Dom Joam não chegou a conhecer Hugo Capeto nem o imperador Óton. Não lhe interessavam monarcas, fossem francos ou saxões. Muito menos bizantinos. Sua vida toda dedicou a amar mulheres.

A primeira delas – ua fermosa senhora – chamou-se Maria. Sua própria mãe. E esta paixam durou alguns anos.


Nasceu Joam pleno de virtudes. Sua beleza física deixava pasmadas as mulheres. Cedo aprendeu a falar. E a falar galantemente. Num minuto convencia a mais empedernida virgem a entregar-se-lhe. No mais das vezes, valendo-se da poesia. Pois também fazia versos. Vilancetes, coplas, cantigas de amor.

Muitas mulheres o amaram. Algumas chegaram a assumir publicamente o adultério. As solteiras acabaram nos prostíbulos. Outras se envenenaram.

Porém, muito ódio andou à volta de Joam. Principalmente por parte dos maridos enganados. Mas também dos invejosos. E dos esposos de mulheres belas.

Logo, porém, sua fama de dom-juan chegou aos ouvidos d’El Rei, assim como do papa de plantão. Acusado de destruir a família cristã, criminoso e pecador mortal.

O julgamento trouxe a público cenas escandalosas. Os mais poderosos fidalgos choravam de indignação.

Indefeso, Joam recebeu a pena da eterna prisão.

Adendo: Apesar de preso, Joam continuou o mesmo. Ignorava os reis de Bizâncio ou do Sacro Império. E, livre como sempre, amava cada vez mais as mulheres. E as seduzia – em sonho, nos seus ou nos delas. Ou talvez por teleplastia.

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