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quinta-feira, 17 de novembro de 2005

O bestial Carlos Bayma (Nilto Maciel)


"Por que muitos que som leterados nom sabem trelladar bem de latim em linguagem, pensei escrever estes avisamentos pera ello necessarios. Primeiro, conhecer bem a sentença do que há de tornar e poê-la enteiramente, nom mudando, acrecentando, nem minguando algua cousa do que está scripto."
Dom Duarte, Leal Conselheiro

"Se também um homem se ajuntar com animal, será morto; e matarás o animal."
Moisés, Levítico 20.15

Para Umberto, o motor da tragédia de Carlos Bayma foi o livro A Vida Sexual dos Cães, escrito por Alphonse Bragadin, demonólogo francês, tão famoso quanto Jean Bodin, Papus e Joahannes Heidelberg. Sustentava, porém, que a obra, no original, se intitulava La Vie Sexuel des Diables e fora pessimamente traduzida pelo prestigiado tradutor brasileiro Afonso Braga. Mas apesar dos grosseiros erros de tradução, dizia, era fácil concluir que o cão do livro era o demônio, a começar pela frase: "A genitália do cão mede, quando erecta, 66 centímetros, em média". Ora, deduzia, é sabido que o pênis de um cachorro, por mais gigantesco que seja este, com exceção dos mitológicos, não chega a tanto. Por outro lado, ensinava, existe aí uma estranha coincidência numérica, pois 66 é o número total de letras do triângulo cabalístico.

Quando Dionisio relacionou os 18 títulos encontrados na estante da casa de Carlos, Umberto gargalhou e afirmou que o citado número representa, no jogo do bicho, o porco, sendo sabido que a feiticeira Circe transformou em porcos os companheiros de Ulisses, o que demonstra a preocupação do possuidor dos livros com a feitiçaria.

Um destes 18 livros intitulava-se Enciclopédia do Cão, de autoria do demonólogo Zedéquias, homônimo do célebre cabalista que aterrorizou o reino de Pepino, o Breve, ao fazer aparecerem em público alguns regimentos de Silfos.

Não era por acaso que Carlos também tivesse em casa o Iracema – a protagonista da lenda de Alencar era uma feiticeira tupi, uma espécie de Medéia brasílica.

Outro livro que explicava o demonismo de Carlos era o grosso volume Os Dálmatas e a Música, valioso estudo sobre a utilização da música pelos povos primitivos da Dalmácia. Não seria um simples criador de vira-latas, chasqueava, que iria ler um livro desses. A música tem um caráter encantatório e hipnotizador, daí porque o Diabo tem-lhe verdadeiro horror.

Às vezes parecia que Umberto estava esquecendo o livro sobre a vida sexual dos cães. No entanto, nada disso ocorria. Assim, quando a discussão recaiu sobre os sete cachorros de Carlos, perguntou se os mesmos eram chamados Baleia, Tubarão, Piaba e outros nomes comuns entre a população nordestina. Não, chamavam-se Astarote, Samael, Leonarda, Asmodeu, Belial, Lusbela e Berita, todos nomes de demônios, embora três deles feminizados. Tais nomes foram dados após a aquisição do livro, e não é provável, dizia, que um manual de sexologia canina divulgue nomes de demônios. Além do mais, para que maior clareza do que a do trecho: "O diabo Albert Artisson, que aparecia transfigurado ora em homem, ora em gato, ora em cão, mantinha relações sexuais com Alice Kyteler"? E grifava as palavras diabo e cão, dizendo que o tradutor só não confundia demônio com cachorro, a ambos chamando de cão, quando os dois apareciam na mesma frase, como no exemplo dado.

Dionisio, para contestar o rival, servia-se também do livro, citando trechos e mais trechos, como este: "Aubry Nicole, uma menina de 16 anos, quando visitava a tumba de seu pai, foi estuprada por um cão." E perguntava, indignado, como o demônio, que é espírito, segundo dizem, pode estuprar uma mulher, se o estupro é um ato puramente carnal. Umberto ria e chamava Dionisio de maquiavélico. Explicava que os demônios são realmente espíritos, mas que, para travar relações com os animais, têm que se apresentar sob formas animais. Que meditasse sobre esta frase: "O cão que representa a desordem, a pederastia e o vício chama-se Belial e apresenta-se sob forma de um formosíssimo mancebo." Não apenas adquiriam formas semelhantes às dos seres de carne e osso mas até superiores: formosíssimos mancebos e não feíssimos velhotes.

Além do mais, antes de terem tais nomes, os vira-latas eram chamados Faraó, Jubileu, Gaza, Onã, Zorosbabel, Salma e Zera, todos nomes bíblicos, o que evidenciava ter sido Carlos Bayma um homem versado em altos estudos.

Dionisio, por sua vez, dizia que o livro, no original, intitulava-se La Vie Sexuel des Chiens, tendo sido o autor até mesmo Presidente do Kennel Club de Paris. Tratasse a obra de diabos, para que a frase: “Os malefícios são vários, destacando-se o da prática do coito com cães, segundo Jean Bodin”?

Que malefícios eram estes, perguntava Umberto. Logicamente que os malefícios causados ao homem pelo sexo, respondia Dionisio. O outro, porém, explicava que malefício é um ato produzido por voz mágica, não cogitando o autor de simples doença, uma vez que fora um estudioso da magia, além de jurisconsulto. E provava, mostrando seu livro Demonomania dos Feiticeiros. Não pensasse, no entanto, que quisesse dizer que o vocábulo cães da frase tivesse sido maltraduzido. Pelo contrário: fora uma das raras vezes em que Afonso Braga acertara.

Dionisio contava a seu favor o fato de Carlos, homem do sertão cearense, pela origem, embora tendo vivido no Rio de Janeiro, onde a cultura se transforma constantemente, mal conhecedor de assuntos metafísicos, católico romano apenas por tradição, ter fundado sua cultura literária basicamente em manuais caninos (sic), citando-se entre eles a Enciclopédia do Cão, de autoria de um zoólogo de nome nada semelhante a Zedéquias – José da Guia –, e O Cão Em Nossa Casa. Dizia mais que, dos 18 livros encontrados na casa do velho, apenas não se referiam a cães uma Bíblia, o livro mais lido no mundo, até pelos não-cristãos, um Iracema, leitura obrigatória de todo cearense e, por que não dizer, de todo brasileiro, um Mon Livre de Français, que pertencera a seu filho Luís, o qual estudara até a 3a. série ginasial, livro que o motivara a adquirir a Histoire des Chiens, de Rivoil, que pretendia traduzir, valendo-se do pequeno vocabulário francês-português constante de suas páginas finais. O último livro não identificado com o assunto canino era o curioso Os Dálmatas e a Música, para cuja aquisição havia uma explicação: Carlos Bayma sabia da existência da raça de cachorros dálmatas e imaginara tratar o livro, provavelmente, da utilização da música na educação dos dálmatas cães, uma vez que, como o próprio Umberto dizia, até os animais brutos são sensíveis à música. De certo, Carlos tencionava um dia criar cães dálmatas.

Valia-se ainda Dionisio, para provar que Carlos nada tinha com a feitiçaria ou a demonologia, não passando de um lascivo criador de cachorros, do fato de ele domesticar sete exemplares de tal espécie. Ninguém duvide, dizia, de que tanto há mulheres que criam cães para com eles praticar atos libidinosos, como há cães que perseguem mulheres. O próprio livro trata deste tema: “Acusada de manter relações sexuais com um dos vários cães que costumam abusar das mulheres durante o sono, Françoise Bos foi queimada viva no dia 30 de julho de 1607”. Porém, mais uma vez voltava Umberto a vituperar a tradução, dizendo que Dionisio se deixara enganar por ela, pois é fato notório que só um demônio pode manter relação sexual com uma mulher sem que ela acorde, e tais fatos eram corriqueiros na Idade Média.

Havia ainda um grupo formado por Tarcísio, Quincas, Cincinato e Seixas que tinha o livro como mero adereço de toda a história, embora não lhe negassem a existência. Para eles, o tal objeto era peça secundária e até desnecessária para a explicação do fenômeno Carlos Bayma. Devia-se, isto sim, buscar nos cachorros, ou como quisessem chamar aos animais de estimação do velho, a causa motriz do triste acontecimento. Sem eles, explicavam os quatro, o personagem ainda seria um insignificante velho aposentado à espera da morte sem estardalhaço. Diziam ser fútil e vã a polêmica que travavam Umberto e Dionisio. Nada significava ser o livro cabalístico ou canino. Fosse o que fosse, não passava de um inútil alfarrábio carcomido pela traça que servia de deleite a um anônimo criador de cães. Até aí estavam os quatro de pleno acordo. Quando passaram à explicação da tese que defendiam, pareceram inimigos entre si. É que Tarcísio via nos cachorros indefesas vítimas da bestialidade de Carlos. Para ele, o velho fazia de seus sete cães, quer machos, quer fêmeas, objetos de sua tara. Qualificava o personagem de estuprador de cães. Com esta última afirmativa não concordava seu parceiro Quincas, que via no velho apenas um sedutor de cães. Na verdade, explicava este, Carlos enganava os animais com falsas promessas de boa comida e ainda se aproveitava de sua condição de ser superior. E mais: abusava da confiança que os sete quadrúpedes nele depositavam para ludibriá-los.

De quase tudo isso discordavam Cincinato e Seixas. O velho era um tarado, um bestial, um homossexual, um monstro. Mas não era um estuprador. Dizia Cincinato que Carlos Bayma era, pelo contrário, uma espécie de vítima da fúria sexual do cães, que dele se aproveitavam, transformando-o em cachorra. Mísera cadela de rua, diziam. Neste caso as fêmeas agiam como simples espectadoras. Criminosas eram também porque nada faziam para impedir o crime. Bem que poderiam seduzir os de sua espécie, evitando, assim, o aviltamento da humana e da canina.

Seixas arrepiava-se em face de tão horríveis especulações. Não acreditava em bestialidade desse quilate. Acreditava, sim, no amor, que pode ser uma espécie do gênero bestialidade. Carlos Bayma amava desesperadamente os sete cães, assim como estes o amavam acima de tudo. Mas tal amor não ia além da alma. Era platonismo puro. O homem e os cachorros jamais se aviltaram pela carne. Contentavam-se com olhares lânguidos, com suspiros românticos, com frases francesas.

Aproveitando-se das idéias de Seixas, alguém de nome Setembrino ousava dizer que tal amor não era tão platônico assim. Acreditava que o velho bestial se despia e punha-se a desfilar diante dos olhares concupiscentes dos cães, que gemiam e se babavam. Já Oto recriava a cena de outra maneira: o velho não se despia nem desfilava. Pelo contrário, era muito respeitador. Até demais. Pois nem sequer mijava diante dos animais. Desde criança aprendera a virtude do pudor, que chegava a ser excessivo. Assim, fechava os olhos quando se despia para o banho ou quando abria a braguilha para urinar. Acreditava, porém, que nenhum pecado havia no despudor dos outros. Os cães que trepavam no meio das ruas, os casais que se beijavam em público, nada o envergonhava. Seu crime, no caso presente, era permanecer horas a fio olhando os sete cães praticando toda a sorte de sacanagens, numa perfeita sodomia canina. Bem que poderia evitar que os bichos se masturbassem, praticassem atos de pederastia, se ferissem nas práticas sádicas etc. Era, assim, mero espectador.

Nonato não se misturava aos demais nas discussões. Para ele bastava culpar a tudo e a todos da tragédia que feriu os brios de toda a nação. Assim, eram culpados os que aposentaram o velho funcionário, pois se ainda permanecesse na repartição, mesmo cochilando, jamais teria procurado refúgio em casa e, por conseguinte, nos cachorros e no famigerado livro. Culpado também era o próprio Carlos Bayma, que requereu a aposentadoria, aceitou criar a cadela Clara, que viria a ser mãe dos sete cães bestiais, e adquiriu o livro pernicioso. O sexo era outro culpado, o maior de todos, pois sem ele Carlos não teria conspurcado a natureza, ferindo a dignidade das espécies humana e canina, ao misturar seu sangue pensante ao sangue dos sem-razão. Bestial! clamava aos quatro ventos.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Outros contistas (Nilto Maciel)


Torpalium, de Júlio César Martins, é composto de pequenos flashes da cidade grande. Os personagens são estes com quem esbarramos a cada passo: meninos famintos, homens e mulheres carregados de medos, frustrações, misérias, loucos de todos os gêneros, prostitutas, ladrões, marginais enfim.

Às vezes o puramente real assemelha-se ao fantástico. Como em “Caso de Fome”. Contos como “Caso de Polícia”, “Na Esquina da Prefeitura” e "Feriado Nacional” são casos que acontecem continuamente. Não estão nos jornais, a não ser em outra situação. Porque, como diz a canção, “a dor da gente não sai no jornal”.

Raízes da Morte é obra de muito trabalho, muito talento. As preocupações de Murilo Carvalho são outras, menos imediatas que as de Júlio César. Tem outra visão. Uma visão mais angustiada da vida, mesmo sendo seus personagens gente das pequenas cidades e do campo. Um realismo intimista, que deixa no leitor uma sensação de aniquilamento. Contudo, as tramas não se afastam do cotidiano e os personagens não se debatem em angústias puramente metafísicas.

São apenas seis contos, todos de uma dramaticidade amarga, quase tocando a epiderme da loucura. Ou do absurdo, como no magnífico “Os Cupins, Como Uma Cachoeira”. Enfim, um livro encantatório ou patético, até quando coloca o homem não poluído diante da ameaça da poluição, como em “Raízes da Morte”. São todos contos de excelente feitura, ao contrário da maioria dos livros de contos. Para resumir – um dos melhores livros de contos brasileiros dos anos 1970.

O Banquete, de Silviano Santiago, talvez não seja um livro de contos. Por isso deve ser lido como um conjunto. Livro para ser compreendido como um livro. Não porque os primeiros quatro contos tenham a estrutura tradicional da narrativa curta e outros só cheguem a ser contos por terem personagens. Podemos chamá-lo, pois, de livro programado, intencional, em oposição a livro de inspiração. Este tipo de livro pode, sim, trazer uma só temática, uma mesma linguagem, um só ambiente. Como se fosse um romance.

Para o leitor menos lido só serão bons contos os quatro primeiros do livro. Os demais serão meros exercícios verbais. Um livro vanguardista. Um livro escrito por um homem de idéias e nunca por um ficcionista. Por um Sartre, nunca por um Jorge Amado.

Hermann José Reipert, também maduro nas letras e nas idéias, fez contos em Hora Inclinada. Contos com sabor também amargo, embora seja, sobretudo um romancista. Às vezes alcança o essencialmente social, como em “Passagem Para Dois”, tão lúgubre quanto alguns contos de Júlio César. É, porém, no drama interior dos personagens no qual mais Reipert penetra, chegando ao patético puramente real, com singularidade, como em “O Elefante”, “Ronda”, “Zoca”, “Um Homem e Uma Mulher” e outros. Sem dúvida, outro livro de contos de sabor magnífico.

Em Caminhos do Vento, de Dionisio Pereira Machado, a linguagem está mais apurada em relação aos seus livros anteriores. Essa apuração atinge os limites do artificialismo, parecendo uma procura desesperada de vocábulos para a construção das frases. Como aqui: “No beiço branco, broncos barcos brocados espiam as clinas cristalizadas do monstro”.

Em alguns textos, Dionisio conseguiu, no entanto, proezas dignas de nossa melhor literatura, como em “O Filatelista”, talvez o melhor conto do livro. Na grande maioria, entretanto, comete as mesmas barbaridades dos primeiros livros.

Verifica-se, ainda, uma heterogeneidade na temática enfocada. Assim, ao lado dos contos essencialmente regionalistas, à moda de Bernardo Élis e Guimarães Rosa, nos quais se realiza, criando tipos, ambientes, situações, há narrativas de temáticas diversas. Ora, o fantástico pode estar no regionalismo e este naquele. São minoria, porém, os contos regionalistas em Caminhos do Vento. Em Dionisio o fantástico ou, melhor dizendo, o metafórico se delineia na própria linguagem. Quase sempre o discurso se estende e se baralha. Outros contos percorrem a trilha da denúncia social. Neles o contista goiano consegue melhores momentos do que nos textos ditos metafóricos, apesar de não ir além da moda.

Estação das Manobras, de Magalhães da Costa, traz 15 histórias curtas, algumas até curtíssimas, em que o mundo do homem do sertão é recontado com a linguagem mais sertaneja possível, sobretudo nos diálogos. Aliás, o contista prima no uso do diálogo.

Assim como outro piauiense ilustre, Fontes Ibiapina, o autor desta obra não é apenas um contador de histórias. Sabe ele tratar a matéria-prima de sua fabulação com o humor característico do nordestino. São consequência disso algumas anedotas e histórias picarescas.

O escritor tem compromissos com os valores culturais de sua terra. Sobretudo quando se dá a desfiguração da língua, dos costumes, das peculiaridades. A preservação da língua portuguesa, enriquecida e abrasileirada com a contribuição indígena e africana, é também incumbência do escritor brasileiro. Para Fábio Freixeiro, não é bem-vindo o uso de “arcaísmos típicos do conservadorismo interiorano”. Ora, está em jogo nossa identidade cultural. O vocabulário e a sintaxe ingleses nos são impingidos pela mídia. E Magalhães da Costa é um desses escritores voltados para a defesa intransigente da língua portuguesa.

Reunidos num volume, os contos de Os Sinos e O Tombadilho, de Renard Perez, mostram um mundo antigo, de internatos, “naviozinhos ordinários”, circos. Um mundo reconstruído pela memória. Mas o mundo é amplo e não é feito apenas de paisagens mortas relembradas por fotografias. É também feito de realidades mais abrangentes. A literatura de Renard Perez é elástica – vai do espaço existencial da criança que descobre o substituto do pai até o campo de batalha onde se desenrola uma revolução fracassada. Não há reduzido ou ilimitado espaço. A dimensão de um momento ou de um personagem depende única e exclusivamente da ótica do escritor. E Renard Perez vê e mostra em sua ficção pedaços de um espaço sem limites – o homem.

Esfinges, de Francisco Maciel Silveira, é literatura agradável, bonita e moderna, sem ser difícil. Pelas epígrafes se vê onde o contista fez o seu aprendizado, embora, muitas vezes, as obras repletas de epígrafes não passem de meros atestados de soberbia. Há unidade temática no livro, cujo título não nasceu por acaso, mas pelo “uso e fruto” de uma clara visão do mundo, conturbado mundo repleno de obscuridades – esfinges nunca decifradas.

Os contos de Francisco de Britto, reunidos em Massapê, são histórias do sertão goiano, simples casos, escritos numa linguagem fácil, do agrado do leitor mais exigente. O contista é regionalista e tradicionalista.

Terra II- Astronave do Sonho, de Eduardo Jordão, é ficção ou sonho. Ficção científica de quem sonha muito. Alguns textos não chegam a ser histórias. Poderíamos vislumbrar aqui e ali uns laivos de regionalismo. Tudo muito sutil. Ou de orientalismo em mundos fantásticos de viagens espaciotemporais. Loucura da civilização ocidental cristã. Tudo, porém, nascido do lúdico, desse lúdico em que os realistas-fantásticos vão sorver proezas mentais.
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