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domingo, 12 de março de 2006

O grande jantar (Nilto Maciel)



O Barão John Food ofereceu um lauto jantar a todos os seus amigos de nobreza, nacionalidade e credo filosófico, em homenagem a Francesco Tavola, pai de seu grande amigo, o Padre Giordano Tavola, seu confessor e confidente. Presentes todos os convidados, abriu a cerimônia com muita seriedade:

– Este será o maior jantar já dado na face da terra, maior do que o da multiplicação dos pães. Não em quantidade de convivas ou de pratos, mas em seu significado. Aqui vamos comer, simbolicamente, todos os evolucionistas, todos os naturalistas, todos os hereges, todos os descobridores, todos os inventores. Todos os revolucionários, enfim. Jantaremos apenas carne. Somos carnívoros. Jantaremos um bode, como se fosse Pierre Bodée, representante de todos os nossos inimigos, desde Demócrito até Darwin. Um bode expiatório. 

quarta-feira, 8 de março de 2006

O maduro fruto da solidão (Nilto Maciel)




O primeiro livro de contos de Rinaldo de Fernandes, O Caçador, é de 1997. Meticuloso, sem pressa, em 2005 apresentou o segundo volume, O Perfume de Roberta (Rio de Janeiro, Editora Gamamond), juntando cinco daquelas narrativas a treze inéditas.

Os narradores de Rinaldo ora são protagonistas, ora meros observadores. Ou principiam como espectadores e terminam como protagonistas. De alguns o leitor conhece duas ou três características ou traços fisionômicos, físicos, socioculturais. Muitas vezes não sabe sequer o nome.