Os sites literários devem ser grandes depósitos de textos, bibliotecas universais? Devem abrir espaço para a discussão de problemas editoriais no Brasil? Os catálogos das editoras e as estantes das livrarias brasileiras revelam que os escritores brasileiros contemporâneos (poetas, contistas e romancistas) são minoria no imenso universo do livro. Estão espremidos (quando muito) entre livros didáticos (a maior fonte de lucro), clássicos da literatura universal e brasileira (domínio público), traduções, biografias, livros de auto-ajuda, etc. O ideal seria a elaboração de uma lei que criasse um fundo, cujos recursos proviessem dos lucros obtidos pelas editoras com a publicação dessas obras de domínio público. Esse fundo poderia patrocinar concursos públicos para publicação de obras inéditas ou mesmo editar (como o fazia o Instituto Nacional do Livro) livros selecionados em concurso ou em outra modalidade de seleção.
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quinta-feira, 16 de março de 2006
domingo, 12 de março de 2006
A devassa dos labirintos selvagens (Nilto Maciel)
Ninguém jamais compreenderá a América, sem antes compreender o significado do extermínio dos índios. Mais ainda a América amazônica. E é para retirar deste limbo a história da Amazônia que Márcio Souza, em A Expressão Amazonense: do colonialismo ao neocolonialismo, desce às profundas do passado para emergir à superfície da Manaus da Zona Franca. Tal baldeamento – essa descida ao fundo do poço – é um imperativo, para que a verdade histórica não permaneça enlameada e obscura. Porque só interessa aos que se arrepiam diante dos fantasmas pretéritos essa escamoteação da verdade e, sobretudo, a subdivisão da História em departamentos estanques. Mas, como se a consciência lhes roesse as entranhas, esses guerreiros de papel, como para querer sanar todos os cancros do passado, um dia descobriram que a remissão da terra estava numa operação de transplante – e implantaram em plena selva um aparelho cardíaco artificial, a chamada Zona Franca. Mas os males do passado não se curam com novas extravagâncias pueris. “A capital amazonense se transforma rapidamente num apêndice infectado, centro perfeito para a velha luta entre glóbulos brancos e glóbulos vermelhos. Na escatologia médica isto tem um nome: leucemia. O choque de brancos e vermelhos encaminha-se para o extermínio dos últimos. A simbologia é clara: a vitória dos brancos é a morte do organismo" (pág. 34). A origem dos males está na distância entre as duas raízes humanas, separadas por um mar até o séc. XVI tão imenso para uns e para sempre um enigma para os outros – de um lado uma religião codificada, uma Roma cesariana, uma idade de bruxas e fogueiras, e de outra um panteísmo primitivo, uma selva chuvosa, uma era de mitos que beiravam a primeira infância da raça. “Por isso, o contato jamais seria pacífico e uma coexistência bem sucedida se tornaria impraticável em terras amazônicas" (pág. 54).
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