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sábado, 15 de abril de 2006

Quimera (Nilto Maciel)



Visse o retrato dele por ela pintado

– Você tinha um aninho.

Destacou de entre os dedos o indicador e sorriu. Um riso de brilhosos olhos e rosadas faces, a se expandir por todo o seu corpo. E, tão depressa ele cresceu, na mesma proporção desapareceu. Murchou o dedo, caíram as pálpebras, esconderam-se os dentes empós os lábios.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Mestre Moreira Campos (Nilto Maciel)



Estive com Moreira Campos em duas ocasiões, apenas. Apesar disso, desde antes do primeiro encontro já sentia por ele grande amizade e, acredito, ele me dedicava o mesmo sentimento.
Não lembro quando o li pela primeira vez. Possivelmente por volta de 1964, quando passei a ler suplementos literários de jornais de Fortaleza. Nesse tempo pontificavam nas Letras cearenses os nomes de Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro, Eduardo Campos, Francisco Carvalho, Fran Martins, Jáder de Carvalho, João Clímaco Bezerra, Milton Dias e outros. O nosso Moreira Campos estreara em livro, com o elogiadíssimo Vidas Marginais, em 1949. Contava 35 anos de idade. Não tinha nenhuma pressa em se mostrar ao público e à crítica. Escrevia e reescrevia, como outro ilustre contista, o mineiro Murilo Rubião. E ao final de sua longa vida havia publicado apenas 137 contos.