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domingo, 9 de julho de 2006

Sonhos (Nilto Maciel)




Um dia, em plena lua-de-mel, ela amanheceu de cara fechada para o marido. Durante o café só abriu a boca para o leite. Nem biscoito quis. Não sentia fome. Indisposta. Ele insistia, ela recusava. Ele amável, ela áspera. Não, não se tratava apenas de inapetência. Falasse a verdade, deixasse de mistérios.

E ela contou o sonho horrível. Flagrava o marido com outra, no maior amor. E ainda riam da cara dela. 

quarta-feira, 5 de julho de 2006

A ficção de Nilto Maciel (F. S. Nascimento)



1. O Jogo Verbal

Em seus mais recentes livros, Nilto Maciel tem se revelado um explorador irrequieto do estilo na prosa de ficção, justificando-se o interesse da crítica por algumas dessas bem sucedidas experiências. Partindo de consciente domínio do instrumental lingüístico, observa-se que esse procedimento vem se realizando dentro de um jogo verbal em que, usando os componentes da linguagem tal como estes se organizam no sistema expressivo convencional, subitamente o escritor rompe com esse eruditismo vernacular, definindo-se por arranjos estilísticos efetivamente representativos da sintaxe coloquial, em consonância com as variantes culturais dos seres projetados no espaço da ficção.