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domingo, 27 de agosto de 2006

A sátira política em Os Luzeiros do Mundo, de Nilto Maciel (Wilson Pereira*)




O escritor Nilto Maciel, autor de mais de uma dezena de livros, que variam entre contos, romances, novelas, e um de poemas, goza de prestígio literário nacional não só pela vasta bibliografia, mas também pela reconhecida qualidade de seus textos.

O reconhecimento veio tanto pelos prêmios literários de primeira grandeza que conquistou, como pela fortuna crítica que angariou ao longo de mais de trinta anos de carreira literária. Entre os seus prêmios destacam-se “Brasília de Literatura”, 1990, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Distrito Federal, com A Última Noite de Helena; “Graciliano Ramos”, 92/93, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Alagoas, com Os Luzeiros do Mundo, e o “Cruz e Sousa”, 96, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Santa Catarina, com A Rosa Gótica.  

Olho mágico (Nilto Maciel)




A campainha soou e Inácio assustou-se. O jornal chegou a escorregar de suas mãos. Por que só inventavam torturas? Bem podiam conservar as pancadas com os nós dos dedos, as palmas, os “ôi de casa”. Civilização do terror, era o que era.

A resmungar, deixou o jornal espatifar-se no chão e arrastou-se na direção da porta. Não deu tempo, ao menos, de meter os pés nos chinelos. Melhor, talvez fosse visita indesejável, vendedor de porcarias, cobrador de dívidas. Nem devia atender. Nem sequer levantar-se do sofá. Mas a campainha voltou a berrar e Inácio apressou o passo.