Chegado à velhice, Leonardo Ratisbona abandonou o projeto de criar homúnculos. Morreria insatisfeito, incompleto. Como a maioria dos mortais. Porém nunca infeliz. Pois tudo fizera para tornar real seu sonho maior. Os cálculos mais complicados executara. De todas as fórmulas mágicas se servira. As orações mais exigentes rezara. Todas as poções, todos os ungüentos manipulara. As bruxarias mais exóticas praticara.
Havia um consolo: talvez seus netos tivessem o orgulho de mostrar ao mundo a grande invenção da humanidade — o homúnculo. Sim, não se sentia totalmente infeliz. Podia morrer em paz. Quase realizado, quase feliz. Até mandaria inscrever em seu túmulo: “Aqui jaz um feiticeiro quase feliz”.