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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Babel (Nilto Maciel)



ela estará sentindo as piores dores
era um peru de grandes cristas vermelhas que eu criava desde pequeno
fingirei estar por demais nervoso e preocupado e fumarei alguns cigarros
e eu gostava tanto dele que lhe dei o nome de minha mãe
ela dirá que não agüenta mais, que é preciso ir
eu já vivia só

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Os contistas estão ativos (Enéas Athanázio)



Em seu recente livro — “Pescoço de Girafa na Poeira”, (Bolsa Brasília de Produção Literária/Bárbara Bela Editora Gráfica — Brasília —1999), Nilto Maciel reuniu cerca de 60 contos, todos curtos, alguns curtíssimos, não superando nunca o limite de quatro páginas, e formando um conjunto de elevado nível. Embora econômicos no tamanho, no entanto, esses contos são completos, nada lhes faltando como criações literárias e ficcionais. O estilo enxuto e despojado do contista não precisa de maior número de palavras para dizer o que deseja, mesmo porque essas palavras são buscadas com cuidado para que sejam precisas no exprimir aquilo que a situação exige. Em outras palavras, o autor não precisa realizar círculos para atingir o ponto procurado. Tanto isso é verdade que seus contos criam sempre a atmosfera desejada, seja uma atmosfera de mistério, de medo, de expectativa, de tranquilidade etc.

Também criam com perfeição o clima para o desfecho tantas vezes inesperado, definido em poucas e precisas palavras, de forma fulminante, apanhando o leitor de surpresa. Acentue-se, ainda, a criatividade do contista, nunca se esgotando ou repetindo. A leitura desse livro, enfim, é um excelente reencontro com a boa arte do conto, exercida por um contista que vem merecendo muitos prêmios, inclusive os mais importantes — aplausos dos leitores e dos críticos. Este livro recebeu o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, em categoria conto, em 1998, colocando-se no primeiro lugar.
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(Jornal Balneário Camboriú, Santa Catarina, 9/12/2000)
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