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sábado, 10 de março de 2007

Os luzeiros do mundo (José Alcides Pinto)




Nilto Maciel, um autor que não se desprega de suas raízes, entrega-nos o seu último livro (romance), Os Luzeiros do Mundo (Códice, Fortaleza, 2005), com expressiva capa de Ronaldo de Castro Cruz. O título é um achado soberbo.
O menino nasceu em Baturité, onde passou a infância. Guarda o passado na memória. A região está por inteiro dentro de seus romances, novelas, contos, e até nas poesias.
Embora pouco conhecido como poeta, sendo um grande poeta, sim, e até na prosa essa aparece vigorosa, marca que é dos grandes escritores de todas as épocas.

A questão religiosa em Eugénio de Andrade: da palavra-ser à utopia da palavra (António Joaquim Oliveira*)

(Eugénio de Andrade)


«Do sangue nascem os deuses
que as religiões assassinam.
Ao sangue os deuses regressam
E só aí são eternos»
Vergilio Ferreira, Aparição


Quase todas as obras de um artista nascem da junção entre a experiência vivida e a sensibilidade criadora, que permite ao eu criador transpor as metáforas obsessivas do seu eu social para o seu mito pessoal, ocasionando-lhe um estado de devaneio («rêverie»). Desta forma, ao procurar as metáforas obsessivas da obra eugeniana, na tentativa de definir o seu mito pessoal (ou mitos pessoais ou as suas utopias), verificamos que a questão religiosa não representa, por assim dizer, um mito pessoal. Na verdade, para Eugénio de Andrade, a religião, tal como ela é vista pela comunidade cristã, nunca foi uma preocupação, ou, se foi, a sua preocupação consistiu em tentar conseguir demonstrar que ela subjuga demasiado o ser humano.