Translate

segunda-feira, 19 de março de 2007

Menino ofendido (Nilto Maciel)


Moisés estava morrendo. Lentamente. Coberto de chagas. No mundo inteiro mulheres choravam. Cenas de histeria e desespero. Jornais e televisões exploravam o infausto fim daquele homem tão glorioso.

No ápice de sua glória, Moisés inventou um dos mais fascinantes espetáculos de prazer. Era sua Roma, sua Sodoma. Mistura de motel e cassino. Cinco pavimentos, mais de cem quartos. Uma entrada, com bilheteria. Como nos cinemas e teatros. Galeria de arte, labirintos, saunas, piscinas. Proibida entrada de homens e travestis. Permanência de uma hora, no máximo. Preço do ingresso: dez dólares.

Sonho e Realidade na prosa de Nilto Maciel (Carlos Augusto Silva*)



Há livros que pedem uma leitura cuidadosa, há os que pedem uma leitura intelectual, consciente de cada instrumento utilizado, investigativa, crítica, cujas pretensões transcendem a do divertimento, a do entretenimento, na melhor acepção que essa palavra possa vir a ter. E há livros que pedem, além dessas peculiaridades apontadas, uma outra nuance, que não surge em importância numa plenitude de novidade, mas sim numa esfera que seja capaz de unir cuidado, atenção, recursos comparativos que busquem na tradição literária seus motivos de concepção e trabalho, e mais que tudo isso, algo raro hoje em dia: sensibilidade. A obra de Nilto Maciel pede de seus leitores esses quesitos: que apareçam em maior ou menor grau, mas devem existir para que uma leitura minimamente abrangente dele se faça. É obra de artista. Trabalho de ourives, seja na linguagem ou na tessitura do(s) enredo(s).